geralda maria maia cordeiro de azevedo ... - FUNEDI – UEMG
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processo inacabado? O qual se re-configura a partir do <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico e das<br />
evoluções culturais? Essas inquietações po<strong>de</strong>m ser conferidas também em Renato Ortiz,<br />
quando afirma que o processo <strong>de</strong> mundialização é um fenômeno social total. Esse fenômeno<br />
permeia as manifestações culturais. Ele <strong>de</strong>ve localizar enraizar nas práticas cotidianas dos<br />
homens. Com a emergência <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> globalizada, a totalida<strong>de</strong> cultural se remo<strong>de</strong>la,<br />
portanto, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> raciocinarmos em termos sistêmicos, a ‘situação’ na qual se<br />
encontravam as múltiplas particularida<strong>de</strong>s 82 .<br />
O mesmo autor aponta também que, no processo <strong>de</strong> formação da nacionalida<strong>de</strong>, a<br />
escola, a imprensa, os meios <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong>sempenham um papel fundamental, isto é,<br />
possibilitam um <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> comunicação. O <strong>de</strong>senvolvimento das<br />
tecnologias da velocida<strong>de</strong> reconfigura a organização social e suas interações. A re<strong>de</strong><br />
comunicativa, a estrada <strong>de</strong> ferro, o telégrafo, os transportes, os jornais, etc., pela primeira vez,<br />
articulam esse emaranhado <strong>de</strong> pontos, interligando-os entre si. A nação rompe com o<br />
isolamento local das socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas, as relações sociais são <strong>de</strong>slocadas dos contextos<br />
territoriais <strong>de</strong> interação e se reestruturam por meio <strong>de</strong> extensões in<strong>de</strong>finidas <strong>de</strong> tempo-espaço.<br />
Os homens se <strong>de</strong>sterritorializam, favorecendo uma organização racional <strong>de</strong> suas vidas.<br />
Neste contexto <strong>de</strong>sterritorializado, o mundo contemporâneo dilata-se para atingir<br />
novas dimensões, novas possibilida<strong>de</strong>s. Como afirma Thompson, o universo ético não po<strong>de</strong><br />
mais ser pensado como um mundo <strong>de</strong> contemporâneos co-presentes. As condições <strong>de</strong><br />
contemporaneida<strong>de</strong> e proximida<strong>de</strong> não se sustentam mais, e o universo ético se <strong>de</strong>ve alargar<br />
para abranger outros distantes que, embora remotos no espaço e no tempo, po<strong>de</strong>m fazer parte<br />
<strong>de</strong> uma seqüência interligada <strong>de</strong> ações e suas conseqüências 83 . Essa <strong>de</strong>sterritorialização ocorre<br />
também na comunicação, altera o discurso oral e escrito. Conseqüentemente modificam as<br />
práticas que os envolvem inclusive as práticas <strong>de</strong> leitura. E é neste aspecto que retomamos a<br />
questão principal <strong>de</strong>sse nosso trabalho <strong>de</strong> pesquisa, que é refletir sobre as práticas <strong>de</strong> leitura e<br />
escrita interativas dos estudantes nos <strong>de</strong> sites <strong>de</strong> relacionamentos, verificar se elas alteram as<br />
práticas convencionais das mesmas e compreen<strong>de</strong>r que linguagem é essa que se usa no<br />
ciberespaço <strong>de</strong> relacionamentos.<br />
Compreen<strong>de</strong>r os impactos que as novas tecnologias proporcionam aos meios culturais<br />
é condição para se tirar benefícios que elas po<strong>de</strong>m proporcionar. Para isso, há que se<br />
<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r <strong>de</strong> preconceitos, nostalgias, como se fora ameaça à tradição. Segundo Thompson,<br />
82<br />
ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994, p. 30.<br />
83<br />
THOMPSON, John B. A mídia e a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: uma teoria social da mídia: 3ª Edição Petrópolis, RJ: Vozes,<br />
2001, p. 226.<br />
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