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CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

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101. INTRODUÇÃONeste estudo, preten<strong>de</strong>mos investigar como emergem resistências nomovimento da capoeira. Chamamos atenção para o fato <strong>de</strong> que o conceito <strong>de</strong>resistência abordado neste trabalho, inspirado em Foucault, refere-se principalmenteà capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação, invenção do novo, <strong>de</strong> diferentes formas <strong>de</strong> ser e viver.“Movimento” refere-se tanto a se mover e se flexibilizar no ato <strong>de</strong> capoeirar quanto ase mover no mundo, no universo social, estabelecer articulações entre pessoas egrupos, em todos os níveis <strong>de</strong> forças materiais e sociais. Mobiliza um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> vivere mudar o mundo em uma experiência <strong>de</strong> movimento social.Por meio da prática prolongada da capoeira emerge a malícia, que não estávinculada à raiz da palavra, que pressupõe a malda<strong>de</strong>, o mal, mas a um saberconquistado. A conquista da malícia, na capoeiragem, engendra um conhecimento<strong>de</strong> si e do mundo que potencializa a produção <strong>de</strong> singularida<strong>de</strong>, em um processo <strong>de</strong>movimento infinito. Portando, investigar a resistência na capoeiragem implica emtrilhar um caminho <strong>de</strong> tradição, luta, contestação e também criação, flexibilida<strong>de</strong>,reinvenção contínua, articulada ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> viver econviver.Segundo Foucault (1977), resistência e po<strong>de</strong>r são conceitos interrelacionados.O po<strong>de</strong>r não é algo transcen<strong>de</strong>nte ou uma substância que se possapossuir ou <strong>de</strong>legar, mas algo imanente, que se manifesta como prática, exercício. Aresistência, por sua vez, é inerente ao po<strong>de</strong>r, ou seja: on<strong>de</strong> há exercício <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r háresistência:Há sempre, com certeza, alguma coisa no corpo social, nas classes, nosgrupos, nos próprios indivíduos que escapa, <strong>de</strong> uma certa maneira, àsrelações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r; alguma coisa que não é a matéria primeira, mais oumenos dócil ou recalcitrante, mas que é movimento centrífugo, a energiainversa, a escapada (FOUCAULT, 2003, p. 244).A questão que propomos é enten<strong>de</strong>r como se dá essa escapada, como seengendra a resistência na capoeiragem, mediante diferentes configurações dopo<strong>de</strong>r.

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