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CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

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114Sobre a minha experiência no exterior, é que eu me senti em casa nomomento em que cheguei lá. Porque quando a gente vai, a gente acha queé um território estranho. A capoeira ensina tanta malandragem pra gente,tanto modo <strong>de</strong> viver no meio da socieda<strong>de</strong>, saber viver no meio em quevocê está, e eu me senti em casa (CONTRAMESTRE JORGINHOESCORPIÃO) 69 .Enten<strong>de</strong>mos que a maneira como Jorginho <strong>de</strong>screve sua experiência na Itáliase coaduna com seus <strong>de</strong>poimentos anteriores e reitera o centramento que se produzcom o percurso na capoeiragem. Estar na Itália, no Brasil ou em qualquer outraparte é estar em casa, pois, por meio da malícia, é possível conquistar outrosespaços <strong>de</strong> maneira tranqüila, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser o que se é.Madrinha Flor, que acompanhou o percurso <strong>de</strong> vários capoeiristas da Lenço<strong>de</strong> Seda, fala <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> centramento ao relatar histórias sobre asconquistas do capoeirista Jean Taruíra, que iniciou a aprendizagem <strong>de</strong> capoeira nase<strong>de</strong> da Lenço <strong>de</strong> Seda quando criança, há aproximadamente 23 anos. Hoje, écontramestre e coor<strong>de</strong>na, em Curitiba, um dos grupos que integra a Associação:O Jean é uma figura que não tem dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> chegar em lugar nenhum.Ele está tão centrado no que ele é, no que ele almeja, que pra ele, classesocial, isso não o assusta. Ele chega em qualquer meio e ele é o Jean. Euacho que ele construiu a partir <strong>de</strong>ssa vivência que ele teve. A própriacoragem do Jean <strong>de</strong> sair daqui em 1995 e ir para Curitiba e falar que lá “euvou <strong>de</strong>senvolver a capoeira”, eu achei <strong>de</strong>mais. Ele foi para um lugar que éelitista, ele foi morar numa periferia <strong>de</strong> Curitiba e ele, não tenho dúvida,<strong>de</strong>ve ter enfrentado muita coisa, mas o Jean, ele se impôs. Hoje ele é ummenino que está <strong>de</strong>ntro da Petrobrás, ele tem um projeto <strong>de</strong> capoeira naPetrobrás. Ele tem projetos em escola privadas. Então, da mesma formaque ele está em uma escola <strong>de</strong> elite, lá em Curitiba, ele está com osmeninos da creche, da escola pública, e ele é o mesmo Jean nos doislugares. E é um menino respeitado. E olha que ele ainda tem muitos limites(MADRINHA FLOR) 70 .Ao dizer da trajetória <strong>de</strong> Jean, Flor ratifica o processo <strong>de</strong> centramentoengendrado com a prática da capoeiragem: a <strong>de</strong>terminação diante <strong>de</strong> um objetivo ea produção <strong>de</strong> um modo <strong>de</strong> ser que escapa a <strong>de</strong>pendências e sujeições,potencializando, em si, “um porto abrigado das tempesta<strong>de</strong>s” (FOUCAULT, 1985, p.69). Ao se <strong>de</strong>stinar a praticar e <strong>de</strong>senvolver a capoeira em Curitiba, Jean torna-se oúnico responsável por si, tal como no jogo da roda.O conhecimento <strong>de</strong> si engendrado na roda expressa-se no universo macro davida, <strong>de</strong> maneira singular. Para os capoeiristas, a roda é a vida, as aprendizagens eexperiências produzidas na roda constituem, naquele plano micro, as relações que69 Informação verbal obtida em entrevista realizada em 16/06/2006.70 Informação verbal obtida em entrevista realizada em 16/06/2006.

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