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CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

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113dos ritmos e da dança na diáspora africana, como forma <strong>de</strong> transmissão e produção<strong>de</strong> um saber a partir das experiências corporais. O ritmo, a dança, incitam “o corpo avibrar ao ritmo do cosmos, provocando nele uma abertura para o advento dadivinda<strong>de</strong> (o êxtase), a dança enseja uma meditação, que implica ao mesmo temposobre o ser do grupo e do indivíduo, sobre as arquiteturas essenciais da condiçãohumana” (SODRÉ, 1988, p.124). Nessa conexão com a africanida<strong>de</strong>, que provocaaberturas e afeta as estruturas essenciais da condição humana, o capoeirista tornase,para si, objeto <strong>de</strong> prazer, produzindo uma subjetivação singular com aemergência <strong>de</strong> um conhecimento <strong>de</strong> si, experimentação das própriaspotencialida<strong>de</strong>s, uma forma <strong>de</strong> pertencimento a si.Na conquista da malícia, o centramento, pertencimento a si, que é,simultaneamente, aceitação <strong>de</strong> si e potência <strong>de</strong> criação, extravasa a roda e alcançaa vida. Na visão <strong>de</strong> Jorginho,A malícia na vida é você procurar medir as coisas <strong>de</strong> acordo com o quevocê possa alcançar. Aquilo que você procura ultrapassar seu espaço quevocê po<strong>de</strong> atingir, então eu sei que você está sacrificando seu próprio modo<strong>de</strong> ser. A gente tem que procurar conquistar um espaço, <strong>de</strong>pois daqueleespaço, procurar conquistar outros espaços <strong>de</strong> maneira correta, <strong>de</strong> maneiratranqüila. É como subir uma escada, primeiro conhecer os <strong>de</strong>graus <strong>de</strong>poisconhecer os outros e chegar ao seu objetivo. (...) porque cada um tem suamaneira <strong>de</strong> ser, cada um tem sua maneira <strong>de</strong> agir, e a gente tem que estarligado nessas coisas, porque a gente não <strong>de</strong>ve imitar ninguém, a gente temque ser o capoeira que a gente é (CONTRAMESTRE JORGINHOESCORPIÃO) 68 .Jorginho diz <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> aceitação, não <strong>de</strong> sujeição, do que se é. Umaprogressão na conquista da malícia, <strong>de</strong>grau a <strong>de</strong>grau, até alcançar o objetivo: aprodução <strong>de</strong> um conhecimento <strong>de</strong> si, que remete a um contentamento consigomesmo e não permite sacrificar o que se é, porém, produz uma forma <strong>de</strong> respeitar aprópria maneira <strong>de</strong> ser, <strong>de</strong> agir. No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> toda a entrevista, esse tema foirecorrente. Jorginho dizia <strong>de</strong> como convive em diferentes meios sociais - seja notrabalho na usina ou nas comunida<strong>de</strong>s das periferias da cida<strong>de</strong> - sem per<strong>de</strong>r o jeitopróprio <strong>de</strong> ser ou se <strong>de</strong>ixar atordoar pelas diferenças <strong>de</strong>sses contextos. Na ocasião<strong>de</strong> seu <strong>de</strong>poimento, Jorginho havia participado <strong>de</strong> um evento <strong>de</strong> capoeira na Itália.Era sua primeira viagem ao exterior: experiência nova, contexto totalmente diferente,língua <strong>de</strong>sconhecida, culturas, jeitos <strong>de</strong> ser muito distantes daqueles vivenciados porele em seu cotidiano. Perguntamos como foi essa experiência:68 Informação verbal obtida em entrevista realizada em 16/06/2006.

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