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CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

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38Todavia, Nestor <strong>Capoeira</strong> (1998) enfatiza que as transformações na práticada capoeira não emergem apenas como disfarce mediante a repressão policial, mastambém como luta no sentido mais amplo: uma estratégia social multifacetada, quearticula a utilização <strong>de</strong> formas violentas <strong>de</strong> contestação, a solidarieda<strong>de</strong> grupal e “umrefinado modo irônico <strong>de</strong> lidar com as agruras da vida” (ABIB, 2004, p.95).Diante <strong>de</strong>ssa experiência, o Estado elabora códigos para governar. Essescódigos não se limitam à criminalização, mesmo porque a inserção no código penalnão impediu que a capoeiragem continuasse a acontecer nos espaços da cida<strong>de</strong>.Aqui conectamos o segundo aspecto a partir do <strong>de</strong>poimento do mestre Véio: amudança na forma como o Estado se posiciona diante da capoeira. O mestre, aodizer da capoeira, enfatizou a dimensão alegre, festeira presente nessa experiência.Essa dimensão lúdica o código penal não conseguiria conter.3.3. A vadiação: escapada das técnicas disciplinares.Em cada freguesia um africano com uma responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensinar, parafazer <strong>de</strong>la sua arma contra seu perseguidor, (...) se comunicavam noscantos improvisados, dançava e cantava enredos, inventava truques,piculas, para dar volta no corpo, escon<strong>de</strong>ndo chicote, inventando miséria, ocorpo todo faz miserêr, cabeça, mão, pernas, e só consegue com manhas(MESTRE PASTINHA apud DECÂNIO, 1996, p.44).A vadiação é o termo utilizado pelos capoeiristas para <strong>de</strong>signar a prática dacapoeiragem na qual predomina a ludicida<strong>de</strong>, a brinca<strong>de</strong>ira, a alegria <strong>de</strong>experimentar o corpo com liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento em conexão com o ritmo, com orito, com outros corpos ou, conforme mestre Reginaldo Véio, em uma manifestaçãofesteira. Sodré (1988) <strong>de</strong>staca que a festa, no universo das culturas negras,<strong>de</strong>stinava-se à renovação das forças, pois a dança, o ritmo e o rito que acaracterizam territorializam o corpo do indivíduo, realimentando a força cósmica. Navisão <strong>de</strong> Cruz (1996) os capoeiristas, por meio da festa, da luta e da dança, ampliamsua potência e alcançam maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> realização. A intensificação da vadiação nacapoeiragem sinaliza a diferença na emergência da resistência. Essa transformaçãona forma <strong>de</strong> resistência remete a mudanças na forma <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.No processo <strong>de</strong> transformações econômicas e políticas, atravessadas pori<strong>de</strong>ologias liberais mo<strong>de</strong>rnas, lutas abolicionistas, revoltas e fugas negras,

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