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CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

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84consumidores, quase toda ação tem um custo: requer mecanismos e ferramentasespeciais, que só o mercado po<strong>de</strong> oferecer.Sant’Anna (2001) salienta a relação entre corpo e consumo, principalmentequando os apelos são dirigidos à beleza. Nos dias <strong>de</strong> hoje, a publicida<strong>de</strong> absorve odireito à privacida<strong>de</strong> e a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser homem ou mulher, rima com a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>ser fotogênico para todos e para si mesmo, em todas as circunstâncias. Énecessário ser sensual e belo da cabeça aos pés, todas as horas do dia, todos osdias da semana. O corpo correspon<strong>de</strong> àquilo que sou, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dasconfigurações genéticas ou <strong>de</strong> raça, como um objeto, uma imagem, uma marca, emconsonância com as flutuações do mercado.Por conseguinte, enquanto o corpo é atravessado pelas modulações <strong>de</strong>beleza e aptidão contemporâneas, na medida em que é reconstruído para aten<strong>de</strong>ràs necessida<strong>de</strong>s e vaida<strong>de</strong>s individuais, ten<strong>de</strong> a ecoar exclusivamente para simesmo. “Por vezes homens e mulheres se vêem isolados como se estivessem empleno <strong>de</strong>serto com seus corpos em plena forma” (SANT’ANNA, 2001, p. 69).A experiência da capoeira conecta-se a esse contexto, numa perspectiva <strong>de</strong>reprodução e sujeição à lógica capitalística, praticada com intuito <strong>de</strong> formataçãocorporal, <strong>de</strong>lineamento muscular; com vivências que favorecem a exibição <strong>de</strong>performances individuais. Essas características aparecem principalmente na<strong>Capoeira</strong> Regional, que vem se matizando e ganhando contornos propícios às<strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> consumo, conforme abordamos anteriormente.Constatamos o quanto as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r operam sobre o corpo. Todavia,é também através do corpo que as resistências se constituem, se engendram:(...) sobre o corpo se encontra o estigma dos acontecimentos passados domesmo modo que <strong>de</strong>le nascem os <strong>de</strong>sejos, os <strong>de</strong>sfalecimentos e os erros;nele também eles se atam e <strong>de</strong> repente se exprimem, mas nele tambémeles se <strong>de</strong>satam, entram em luta, (...) O corpo superfície <strong>de</strong> inscrição dosacontecimentos, lugar <strong>de</strong> dissociação do Eu, volume em perpétuapulverização (FOUCAULT, 1986, p.22).Nessa perspectiva, o corpo não é apenas o corpo físico, biológico, mas asligações estabelecidas entre superfícies, forças e energias particulares; é o corpoatravés do qual emergem acontecimentos em pulverizações que rompem contornose abrem uma constelação <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s. De acordo com Rose (2001), em vez <strong>de</strong>“o corpo”, tem-se uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> máquinas possíveis, agenciamentos <strong>de</strong>humanos com outros elementos e materiais; diversas maquinações <strong>de</strong> que o corpo é

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