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CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

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112Jorginho Escorpião, em seu <strong>de</strong>poimento, acrescentou que esse processo <strong>de</strong>centramento po<strong>de</strong> ocorrer também por meio da musicalida<strong>de</strong>, da conexão com oritmo. Ele afirma:Às vezes, um pouquinho que eu esteja nervoso, eu procuro pegar umberimbau a cantar uma música, pegar um atabaque. Então, esse tipo <strong>de</strong>ritmo vibra juntamente com a pulsação da gente, e a gente procuraesquecer, procura se libertar e <strong>de</strong>ixar a mente mais limpa(CONTRAMESTRE JORGINHO ESCORPIÃO) 65Na capoeiragem, o processo <strong>de</strong> centramento é inerente ao jogo, produçãocontínua, objetivo permanente. Cotejamos a produção do centramento nacapoeiragem à conversão a si na arte da existência. De acordo com Foucault (1985),a conversão a si, que era um objetivo comum das práticas <strong>de</strong> si, <strong>de</strong>ve sercompreendida como modificação da ativida<strong>de</strong> para consagrar-se inteiramente a si.Implica um <strong>de</strong>slocamento do olhar: é preciso que não se disperse em umacuriosida<strong>de</strong> ociosa com as agitações da vida cotidiana. Por meio da conversão a si,torna-se possível escapar das <strong>de</strong>pendências e das sujeições, buscando odistanciamento das preocupações com o exterior, enten<strong>de</strong>ndo que só se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><strong>de</strong> si mesmo. Na roda <strong>de</strong> capoeira, quando naquele cenário “eu sou o únicoresponsável por mim, eu sou o único interprete <strong>de</strong> mim, eu sou o único protetor <strong>de</strong>mim mesmo” (MESTRE REGINALDO VÉIO) 66 , emerge um processo similar àconversão a si, forma <strong>de</strong> pertencer a si mesmo, em um processo no qual “é-se ‘suijuris’, nada limita nem ameaça o po<strong>de</strong>r que se tem sobre si” (FOUCAULT, 2004,p.70). A experiência <strong>de</strong> si que se constitui nessa posse não é <strong>de</strong> uma forçadominada, mas “a <strong>de</strong> um prazer que se tem consigo mesmo” (FOUCAULT, 1985,p.70). Através do acesso a si próprio, torna-se para si um objeto <strong>de</strong> prazer: contentasecom o que se é, aceita-se os próprios limites, mas também se <strong>de</strong>leita consigomesmo.Na roda <strong>de</strong> capoeira, os movimentos exigem <strong>de</strong>streza corporal e força física.Todavia, durante o jogo, cada capoeirista parece encontrar um ponto <strong>de</strong> equilíbrioem seu próprio corpo e, apesar dos movimentos inusitados, do esforço físico, o quese observa, na maioria das vezes, é uma expressão <strong>de</strong> pura alegria, “aquela cara <strong>de</strong>máxima felicida<strong>de</strong>” (PROFESSOR PEPINHA) 67 . Muniz Sodré enfatiza a importância65 Informação verbal obtida em entrevista realizada em 16/06/2006.66 Informação verbal obtida em entrevista realizada em 04/03/2006.67 Informação verbal obtida em entrevista realizada em 12/04/2006.

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