08.08.2015 Views

CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

48Dito <strong>de</strong> outro modo, há “um <strong>de</strong>slocamento do agente das biopolíticas do estado paraas forças produtivas” (FERREIRA NETO, 2004, p.169). Em Timóteo, além oquadriculamento permanente da fábrica, outras formas <strong>de</strong> biopolítica expandiam-se<strong>de</strong> maneira difusa, múltipla e polivalente, com penetração e atravessamentos emtodo o corpo social, como as formas <strong>de</strong> controle da ativida<strong>de</strong> e do tempo. De acordocom os <strong>de</strong>poimentos obtidos no grupo focal, os horários na comunida<strong>de</strong> eram<strong>de</strong>terminados pelo apito da fábrica, que convocava para o trabalho às 6h da manhã,<strong>de</strong>marcava o tempo das refeições às 11h e a hora do repouso às 22h, como umtoque <strong>de</strong> recolher. A vida urbana timotense organizava-se a partir do apito: eranecessário acordar às 6h e, após as 22h, via-se poucas pessoas nas ruas; osnamorados <strong>de</strong>spediam-se ao som do último apito; as mulheres que estivessem fora<strong>de</strong> casa após as 22h eram consi<strong>de</strong>radas “<strong>de</strong>pravadas”, e os homens, “boêmios” e“vadios”.Ser funcionário da Acesita era ser cidadão, sujeito na cida<strong>de</strong>. O uniforme dausina <strong>de</strong>marcava um lugar <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r na comunida<strong>de</strong>. Eles tinham cores diferentespara os chefes, técnicos e operários braçais ou das empreiteiras. As pessoascirculavam com seus uniformes para visitar as namoradas, fazer compras nocomércio da cida<strong>de</strong>. A vestimenta significava po<strong>de</strong>r aquisitivo e idoneida<strong>de</strong> nopagamento das contas.A penetração e os atravessamentos da empresa no corpo social alcançavampraticamente todos os campos: o atendimento médico era feito no Hospital Acesita;o time <strong>de</strong> futebol era o Acesita Esporte Clube; para formação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obraespecializada, a empresa criou o Colégio Técnico <strong>de</strong> Metalurgia e, até 1969, “acompanhia funcionava para a cida<strong>de</strong> como Prefeitura e polícia” (ACESITA, 1989,p.81). Essa frase <strong>de</strong>monstra claramente a extensão e a força das biopolíticas nacomunida<strong>de</strong>.As formas <strong>de</strong> resistências aconteciam na obscurida<strong>de</strong> e clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong>, ouescamoteadas sob o pretexto <strong>de</strong> ações assistencialistas, principalmente aquelassustentadas por alguns segmentos da Igreja Católica. Conforme Pereira (2001), nadécada <strong>de</strong> 70, os trabalhos das Comunida<strong>de</strong>s Eclesiais <strong>de</strong> Base da Igreja Católicapropiciaram articulações políticas significativas em várias instituições da socieda<strong>de</strong>civil. A comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Timóteo discutia as questões da cida<strong>de</strong> na igreja: durante amissa, o padre abria espaço para membros dos grupos <strong>de</strong> jovens discorrerem sobrea vida na comunida<strong>de</strong>, as formas <strong>de</strong> dominação, as condições <strong>de</strong> trabalho na usina,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!