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CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

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128Segundo ele, a capoeira “precisa sobreviver do ponto <strong>de</strong> vista do capoeirista terremuneração pra po<strong>de</strong>r ensinar, pra po<strong>de</strong>r administrar suas aulas, mas ela tambémtem que cuidar muito pra não se <strong>de</strong>scaracterizar por causa disso” (PROFESSORPEPINHA) 85 .Em relação à profissionalização no universo da capoeira, uma tendência quese fortalece na contemporaneida<strong>de</strong> é sua inserção no contexto escolar. MadrinhaFlor <strong>de</strong>staca:Não tenho dúvida que a gente não vai formar capoeirista com aula só naaca<strong>de</strong>mia. [...] A gente vai formar capoeirista se for pra <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> escolapública. [...] eu acho que a malandragem está é lá, na periferia. O meninotem que ser malandro pra ser bom capoeira. Uma malandragem positiva,que é o gosto <strong>de</strong> estar numa roda <strong>de</strong> capoeira, o gosto <strong>de</strong> tocar uminstrumento, é o gosto <strong>de</strong> fazer um jogo bonito. Acho que o menino daclasse popular, ele é mais solto pra isso. Ele é <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> coisas pré<strong>de</strong>terminadas.Ele é muito ele. Tem mais a malandragem (MADRINHAFLOR).Na experiência da Lenço <strong>de</strong> Seda, a conexão com a escola efetiva-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong>1984. A diferença que emerge na contemporaneida<strong>de</strong> refere-se ao fato <strong>de</strong> que acapoeira nas escolas passa a ser oficialmente financiada pelas políticas públicas oupelas instituições particulares <strong>de</strong> ensino. Esse novo campo po<strong>de</strong> ocasionar novosriscos. Mestre Reginaldo aponta o perigo <strong>de</strong> uma “pedagogização” da capoeira. Dito<strong>de</strong> outro modo, uma prática que enquadre a capoeiragem conforme o tempo e adinâmica escolar, com objetivo <strong>de</strong> utilizá-la somente “como instrumento <strong>de</strong>socialização, como instrumento <strong>de</strong> lazer, como mecanismo para queimar a energiados meninos mais agressivos” (Mestre Reginaldo Véio) 86 . Outro risco, apontado porPepinha, é <strong>de</strong> que a capoeira regional ganhe cada vez mais espaço, inclusive <strong>de</strong>ntrodas escolas, e, assim, crianças e adolescentes tenham acesso somente a umprocesso <strong>de</strong> reprodução na capoeiragem, em <strong>de</strong>trimento dos aspectos <strong>de</strong> tradição,ancestralida<strong>de</strong>, criação coletiva, presentes na <strong>Capoeira</strong> <strong>Angola</strong>.Madrinha Flor sinaliza também algumas dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas pelacapoeira no espaço escolar. Ela observa que, ainda hoje, a capoeiragem é vista poralguns familiares das crianças como prática pejorativa, estigmatizada comovadiagem. Além disso, Madrinha Flor e Professor Pepinha relatam histórias <strong>de</strong> paisque proíbem seus filhos <strong>de</strong> freqüentar as aulas <strong>de</strong> capoeira por questões religiosas,85 Informação verbal obtida em entrevista realizada em 12/04/2006.86 Informação verbal obtida em entrevista realizada em 04/03/2006

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