08.08.2015 Views

CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

40criações dos indivíduos da cida<strong>de</strong>, inclusive com a participação <strong>de</strong> membros dosenado, da marinha, do exército e <strong>de</strong> representantes da elite intelectual (CRUZ,1996).A prática da capoeira nesses espaços adquire contornos diferentes: se, com aexperiência das maltas, a luta ganhou maior visibilida<strong>de</strong> na capoeira, agora há ummovimento <strong>de</strong> reversibilida<strong>de</strong>, no qual o jogo, a ludicida<strong>de</strong> e a alegria predominamcomo formas <strong>de</strong> resistência pela via da invenção. Conforme Abib (2004), a capoeiramunia os marginalizados <strong>de</strong> armas po<strong>de</strong>rosas na luta contra a opressão, armas queextrapolaram a luta enquanto contestação e confronto e alcançam um processo <strong>de</strong>criação: a emergência <strong>de</strong> novos territórios existenciais, por meio da vadiação. Aintensificação da vadiação na capoeiragem expressa-se <strong>de</strong> maneira maiscontun<strong>de</strong>nte na Bahia.A capoeira baiana diferenciava-se da capoeira carioca principalmente emrelação às questões político-i<strong>de</strong>ológicas, visto que, na Bahia, a prática pouco searticulava aos embates políticos da monarquia e da república. De acordo com Rego(1968), na Bahia,Em tudo era notada a presença do capoeira, mui especialmente nas festaspopulares. (...) Os capoeiras com alguns companheiros e discípulosrumavam para o local da festa, com seus instrumentos musicais, inclusivearmas para o momento oportuno e lá, com amigos outros que encontravam,faziam a roda e brincavam o tempo que queriam (REGO, 1968, p. 37).Dessa forma fluida, a capoeira acontecia não apenas nos momentos dasfestas populares, mas também em conexão com os ritos <strong>de</strong> rua, o mundo dotrabalho, as cenas do cotidiano. Havia capoeiragem on<strong>de</strong> havia uma quitanda ouuma venda <strong>de</strong> cachaça com um largo em frente. Na visão <strong>de</strong> Chauí (1982), a venda<strong>de</strong> cachaça - o boteco - é o ponto <strong>de</strong> encontro dos trabalhadores, encontro dosdiferentes. Para os homens do boteco, “ser macho era ser valente (<strong>de</strong>safiar asocieda<strong>de</strong>) e resistente (não entregar companheiro quando se é apanhado poralguma força da or<strong>de</strong>m)” (CHAUÍ, 1982, p. 68). Após o trabalho ou aos domingos,feriados e dias santos, capoeiristas famosos reuniam-se nas quitandas, vendas - oubotecos - para tagarelar, beber e jogar a capoeira, o que era divertimento e luta nomomento oportuno.Essa prática que emergia nos largos e nas festas populares como forma <strong>de</strong>encontro, <strong>de</strong> exercício livre do corpo, com um espírito <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira e umsentimento <strong>de</strong> alegria, era a vadiação. Mestre Reginaldo Véio enfatiza que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!