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CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

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70rodas, os instrumentos, as baterias, o canto -, mas muito a serviço <strong>de</strong> umaperformance on<strong>de</strong> eu possa dar cinco, seis, oito saltos pra você narrar. Na<strong>Angola</strong>, “nunca <strong>de</strong>i um golpe em vão”, todo golpe que eu dou é umapergunta, tem que te alcançar, você vai ter que respon<strong>de</strong>r pra fazer outrapergunta. Na Regional não, eu salto (MESTRE REGINALDO VÉIO) 32 .Ao estabelecer esse paralelo entre <strong>Angola</strong> e Regional, o mestre aborda oprocesso <strong>de</strong> individualização que atravessa a capoeiragem em relação à formacomo o jogo se <strong>de</strong>senvolve na roda e enfatiza que esse processo ganha força na<strong>Capoeira</strong> Regional. O diálogo corporal transforma-se em exercício <strong>de</strong> performancesacrobáticas individuais. A individualização po<strong>de</strong> ser observada também em relação aoutros fatores, como, por exemplo, a busca da prática da capoeira nas aca<strong>de</strong>miascomo treino, ginástica sem vinculação à formação <strong>de</strong> grupos ou à participação emprocessos coletivos. Tanto nas performances individuais na roda quanto na busca<strong>de</strong> treino nas aca<strong>de</strong>mias, os aspectos coletivos estão sendo dissolvidos, o que nosremete ao <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> Jorginho, sobre a dificulda<strong>de</strong>s em relação às açõesgrupais, e às elaborações <strong>de</strong> Bauman (2001), ao dizer da clivagem entre as políticas<strong>de</strong> vida conduzidas individualmente e as ações <strong>de</strong> coletivida<strong>de</strong>s humanas.Portanto, a capoeiragem transforma-se ao ser atravessada peloindividualismo exacerbado e por outros aspectos que compõem o panorama <strong>de</strong>nosso tempo, no qual emergem novas formas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e resistência.Segundo as elaborações foucaultianas sobre o exercício do po<strong>de</strong>r, po<strong>de</strong>mosi<strong>de</strong>ntificar três níveis diferentes <strong>de</strong> sua manifestação: os estados <strong>de</strong> dominação, astécnicas <strong>de</strong> governo ou governamentalida<strong>de</strong> e as relações estratégicas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.Ressaltamos que esses níveis não são exclu<strong>de</strong>ntes, aparecendo, muitas vezes,associados, mesmo com a prevalência maior <strong>de</strong> algum sobre os outros.No tempo da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> líquida, predominam as relações estratégicas: “ummodo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que não age direta e imediatamente sobre os outros, mas que agesobre sua própria ação” (FOUCAULT, 1995, p. 243). Essas relações são móveis,reversíveis e instáveis, acontecem entre sujeitos livres, em um exercício flexível. Opo<strong>de</strong>r estabelece-se na medida em que cada um procura dirigir a conduta do outro:(...) é preciso distinguir as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r como jogos estratégicos entreliberda<strong>de</strong>s - jogos estratégicos que fazem com que uns tentem <strong>de</strong>terminar aconduta dos outros, ao que os outros tentam respon<strong>de</strong>r não <strong>de</strong>ixando suaconduta ser <strong>de</strong>terminada ou <strong>de</strong>terminando em troca a conduta dos outros(FOUCAULT, 2004, p.285).32 Informação verbal obtida em entrevista realizada em 04/03/2006.

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