61da Escola Estadual Capitão Egídio Lima, tornaram-se, oito anos <strong>de</strong>pois, monitoresem outras escolas, <strong>de</strong>ntre elas: Escola Estadual Tenente José Luciano, em 1985;Escola Estadual José Ferreira Maia, em 1992 e 1993; Escola Estadual Ilda Zalza,em 1992 e 1993. Na Escola Estadual Capitão Egídio Lima, a capoeiragem teve lugarmais intensamente nos anos <strong>de</strong> 1984/1985, 1992/1993, reiniciando em 2006.Observando as datas em que a capoeiragem aconteceu nas escolas,percebemos que tal experiência que não se fixa: prolifera-se <strong>de</strong> forma fragmentária,entra pelo meio, e não se cristaliza. Flor fala <strong>de</strong>ssa característica ao dizer: “o que meincomoda um pouco é que a capoeira chega, mas ela não continua. Ela só acontecese tiver alguém lá <strong>de</strong>ntro que tem, historicamente, alguma relação ou que tem muitaconfiança <strong>de</strong> que vale a pena” (MADRINHA FLOR) 29Enten<strong>de</strong>mos que o processo incômodo para Flor é justamente o queintensifica a força da capoeira e possibilita o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong>ssa prática emdiversos segmentos, com poucas capturas <strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong> invenção. Afragmentação das experiências no encontro capoeira/escola dificulta a captura dacapoeiragem pela disciplina escolar e favorece a emergência da diferença.Ressaltamos que a escapada, o movimento, o contínuo <strong>de</strong>slocamento, o reiniciar,fazem parte da capoeiragem e estão presentes em seu percurso histórico no Brasil,na roda, na ginga e na história da Lenço <strong>de</strong> Seda.4.2.3. A Festa da Criança PasárgadaNo entrelaçamento capoeira-arte-carnaval-crianças-educadores, as criançaspassaram a ser atores principais <strong>de</strong>ssa história e sujeitos da festa. O evento quemelhor expressa essa primazia é a Festa da Criança. Realizada em outubro, comculminância no dia 12, esse evento congregava inúmeros voluntários, educadores,artistas, comerciantes, crianças e adultos <strong>de</strong> todos os bairros da cida<strong>de</strong> emativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> jogos, brinca<strong>de</strong>iras infantis, capoeira, artes, música, cinema, sorteio <strong>de</strong>prêmio, boi-bumbá e outras. A criação do evento iniciava-se com a escolha <strong>de</strong> umtema, que era sempre o mais aberto possível, como, por exemplo: “Hoje Tem!... HojeTem!...”; “Todo dia é dia”; “Era uma vez...”.29 Informação verbal, obtida em entrevista realizada em 28/09/2006.
62Hoje tem o quê? É dia <strong>de</strong> quê? Era uma vez o quê? Tudo aquilo que épossível <strong>de</strong>sejar. Esses temas eram colocados com a intenção <strong>de</strong> propiciar diversasentradas, abrir um espectro amplo <strong>de</strong> ramificações em múltiplas direções,produzindo e mobilizando <strong>de</strong>sejos coletivamente. Na criação <strong>de</strong> cada Festa daCriança, entrava em funcionamento um tipo <strong>de</strong> “máquina <strong>de</strong>sejante”: a produção <strong>de</strong><strong>de</strong>sejos em conexão com os mais diferentes elementos em seu entorno; cominfinitas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> montagem (GUATTARI; ROLNIK, 2005).O tema era informado às escolas da região e corria a cida<strong>de</strong>. A equipeorganizadora da festa, composta pelos capoeiristas da Lenço <strong>de</strong> Seda e membrosda Socieda<strong>de</strong> <strong>Cultural</strong> Pasárgada, começava a se reunir meses antes do evento e aaglutinar novas pessoas à equipe. Cada pessoa ou grupo contribuía <strong>de</strong> maneiradiferente: crianças das escolas faziam ban<strong>de</strong>irolas para enfeitar as ruas, gruposfolclóricos apareciam para apresentar danças e brinca<strong>de</strong>iras, professoresorganizavam jogos recreativos, comerciantes doavam prendas para prêmios, eassim a festa ia se configurando.Nunca uma festa era igual à anterior, pois as pessoas que formavam osgrupos mudavam a cada ano, assim como as ativida<strong>de</strong>s propostas. Os grupos <strong>de</strong>trabalho para organização das brinca<strong>de</strong>iras, ornamentação, busca <strong>de</strong> patrocínios eoutros eram fluidos. Tal como no carnaval do Dexeu Falá, quem passasse por alipo<strong>de</strong>ria participar. Gran<strong>de</strong> parte dos grupos era coor<strong>de</strong>nada pelos capoeiristas.No processo <strong>de</strong> execução das tarefas, eram vivenciados episódios diferentes,em relação à or<strong>de</strong>m habitual da vida na comunida<strong>de</strong>. Era comum, por exemplo,professores trabalhando sob a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> um menino <strong>de</strong> rua, capoeirista daLenço <strong>de</strong> Seda. Essa cena possibilita ver as transgressões que ocorriam nessemovimento <strong>de</strong> criação coletiva. Na cida<strong>de</strong> com espaços tão <strong>de</strong>marcados, on<strong>de</strong> cadaum tinha seu lugar <strong>de</strong>terminado, em relações rigidamente hierarquizadas, comtecnologias disciplinares e biopolíticas que se estendiam e atravessavam todos oscampos da vida, a festa da criança abria fendas em que os diferentes seencontravam, as <strong>de</strong>marcações se rompiam e as posições hierárquicas se invertiam.Alguns dias antes da festa, a trupe da Pasárgada percorria os bairros,fazendo divulgação com rodas <strong>de</strong> capoeira, teatro, palhaços. No dia da festa,crianças e adultos dos bairros periféricos migravam para a praça do centro dacida<strong>de</strong>, nas imediações da Pasárgada. Em alguns anos, a organização contou comônibus financiados pela prefeitura para trazer e levar as crianças. O evento adquiriu
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