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CAPOEIRA: - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

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79atabaque, que vai dar sustentação pra ginga, que é em base <strong>de</strong> três. Vocêtem o pan<strong>de</strong>iro, que acrescenta mais uma variação, e você vai ter trêsberimbaus - o gunga, o viola e o violinha, cada um com sua liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência; além do agogô e do reco-reco. Atravessam aquele universo “n”bases <strong>de</strong> ritmos possíveis. Cada individuo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que mantenha a basetrina da ginga, po<strong>de</strong> entrar em diferentes janelas rítmicas e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cadauma <strong>de</strong>senvolver seu estilo próprio, sua percepção <strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong> espaço,<strong>de</strong> pergunta e resposta corporal (MESTRE REGINALDO, 2006) 35 .Po<strong>de</strong>mos observar, nessa elaboração, um sistema com conexões múltiplas,que propicia ao capoeirista articular reprodução e criação. Ao manter a base trina daginga, temos uma linha dura, a reprodução <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado movimento formatado,pré-<strong>de</strong>terminado. Porém, ao ser estabelecida a conexão entre a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>instrumentos, os ritmos, os movimentos dos capoeiristas, emerge a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>criação <strong>de</strong> formas diversificadas <strong>de</strong> entrar no jogo, inventar movimentos novos,produzir singularida<strong>de</strong> na maneira <strong>de</strong> gingar. A ginga ganha flexibilida<strong>de</strong>, compontos <strong>de</strong> diferenciações moleculares, conforme as múltiplas percepções e formas<strong>de</strong> expressão presentes em cada subjetivida<strong>de</strong>.Na perspectiva rizomática, a subjetivida<strong>de</strong> (tanto individual quanto coletiva)não assume uma forma <strong>de</strong>finitiva, mas constante transformação. Há figuras <strong>de</strong>subjetivida<strong>de</strong>, contornos, territorializações, reprodução <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas formas <strong>de</strong>ser, agir e viver - na família, no trabalho, na escola, no clube. No entanto, contornosnão são moldagens fixas, mas mutantes, atravessadas por linhas que abrem para“fora”, rompem os estratos e promovem <strong>de</strong>sterritorializações, em processos <strong>de</strong>subjetivação contínuos. De acordo com Rolnik (1997), nesse processo o “fora” e o“<strong>de</strong>ntro” já não se distinguem: fazem parte <strong>de</strong> um mesmo movimento <strong>de</strong> forças,numa relação <strong>de</strong> atração e repulsa. Somos, a todo tempo, afetados por elementosdo “fora” - pessoas, circunstâncias, objetos, paisagens, sabores, cheiros, ritmos,cores -, que po<strong>de</strong>m nos remeter a novas formas <strong>de</strong> ser e viver. Nesse movimento <strong>de</strong>forças que emana no “fora” e atravessa e constitui o “<strong>de</strong>ntro”, rompendo o perfil <strong>de</strong>subjetivida<strong>de</strong> – formado por linhas duras, por i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s -, são abertos campos <strong>de</strong>possibilida<strong>de</strong>s, que po<strong>de</strong>m engendrar tanto produções singulares quanto reproduçãodas formas anteriormente <strong>de</strong>lineadas.O sistema capitalístico atual opera diretamente nesse processo, rompendocódigos, capturando <strong>de</strong>sejos e fluxos da vida, afetando e promovendo35 Informação verbal obtida em entrevista realizada em 04/03/2006.

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