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Consciência da palavra<br />

A capacidade de a criança pensar explicitamente a linguagem nos seus constituintes,<br />

Jogos de Leitura e Escrita para Aprender a Ler | 235<br />

nomeadamente a palavra, parece ser um requisito para a aprendizagem da leitura. A consciência<br />

da palavra implica vários aspectos: por um lado, é a capacidade para perceber que os enunciados<br />

se compõem de palavras (ser capaz de identificar o número de palavras de um enunciado)<br />

e que estas são “etiquetas fonológicas arbitrárias”, isto é, nomeiam entidades físicas ou<br />

abstractas mas não são elas mesmas essas entidades (distinção entre significante/referente);<br />

por outro, trata da consciência de palavra enquanto unidade da fala; por fim, requer<br />

a compreensão do termo metalinguístico “palavra”.<br />

As crianças em idade pré-escolar têm dificuldade em conceber as palavras como rótulos<br />

fonológicos arbitrários concebendo o nome dos objectos como uma propriedade deles.<br />

Quer isto dizer que apresentam dificuldades em discriminar o rótulo verbal dos atributos do<br />

objecto nomeado, justificando o tamanho (grandes, pequenas) e tipo (difíceis, fáceis, inventadas)<br />

das palavras em função das características dos referentes para os quais as palavras remetem.<br />

Assim, se for pedido à criança que diga qual das duas é a palavra mais comprida “cobra” ou<br />

“formiga” a criança tendencialmente dirá que é “cobra”. Se lhe pedirmos para dizer uma palavra<br />

difícil esta pode dizer “trabalho” ou indicar algo que para si seja complexo.<br />

Acontece igualmente, nesta fase, considerarem como palavras aquelas que remetem para algo<br />

com conteúdo, ou seja, nem todas as unidades da fala são consideradas palavras. As crianças<br />

mais novas fazem uma enumeração dos elementos do real presentes na frase, não considerando<br />

todas as palavras como, por exemplo, as preposições e os conectores, provavelmente por estas<br />

não possuírem nem uma semântica nem um campo lexical autónomo alargado. Por volta dos 5-7<br />

anos, quando se pede às crianças que digam uma palavra difícil, começam a aparecer as primeiras<br />

referências às letras que causam dificuldade à criança.<br />

Só mais tarde, porém, entre os 6 e os 8 anos, as crianças começam a separar a palavra do<br />

referente que esta nomeia reconhecendo-lhe uma autonomia própria. A partir dos 8 anos,<br />

com certeza devido a um período de escolarização <strong>já</strong> significativo, as crianças começam a<br />

considerar o valor gramatical das palavras e a serem capazes de as definir enquanto verbos,<br />

substantivos, adjectivos, entre outras.<br />

Nesta altura, as palavras são compreendidas enquanto parte de um contexto significativo maior<br />

como, por exemplo, uma história. O tamanho das palavras começa a ser percebido em função<br />

de critérios linguísticos, como o número de sílabas ou letras, e as palavras começam a ser aceites<br />

enquanto tal na sua generalidade.<br />

É a tomada de consciência da arbitrariedade do léxico que permite à criança manipular sinónimos,<br />

antónimos ou compreender expressões com “sentido figurado” (por exemplo, metáforas).<br />

A familiaridade com a realidade e com os significados envolvidos são naturalmente necessários<br />

para que a criança consiga trabalhar a sinonímia e compreender a linguagem metafórica.<br />

Para ajudar as crianças a desenvolverem estas capacidades, podem realizar-se actividades<br />

que envolvam a descoberta dos significados das palavras na sua relação com os contextos onde<br />

surgem (histórias, lengalengas, provérbios, adivinhas e outros).

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