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O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

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Isabel Castiajo<br />

segundo plano 18 , já que, por esta altura, o enfoque passou a ser<br />

atribuído aos atores, sendo que a participação do coro passou a<br />

ser escassa, cabendo‑lhe quase exclusivamente a intervenção <strong>em</strong><br />

interlúdios 19 – <strong>em</strong>bolima – entre as peças, que mais não eram<br />

do que cânticos com pouca ou s<strong>em</strong> qualquer relação com os<br />

acontecimentos representados no espaço cénico, passando, <strong>de</strong>sta<br />

forma e <strong>de</strong>finitivamente, a estar afastado da ação dramática.<br />

Para esta situação, para além da prepon<strong>de</strong>rância do papel dos<br />

atores, terá contribuído também a separação física entre estes,<br />

uma vez que, a partir do século IV a. C., e como já referido<br />

anteriormente, os atores passaram a atuar num plano superior<br />

diante da skene e o coro manteve‑se confinado à orchestra, o<br />

que, na opinião <strong>de</strong> Centanni (1995: 126), terá tido implicações<br />

na assunção, por parte <strong>de</strong>ste último, <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> passiva<br />

<strong>em</strong> relação à ação cénica. É também por esta altura que se<br />

assiste, na representação <strong>de</strong> peças antigas, à <strong>de</strong>turpação dos<br />

textos originais, nomeadamente no que concerne ao papel do<br />

coro, o qual foi, muitas vezes, totalmente omitido. Acresce<br />

ainda o facto <strong>de</strong>, neste período, ser constrangedora a diferença<br />

existente entre o profissionalismo dos atores e o amadorismo<br />

do coro, cujos el<strong>em</strong>entos continuavam a ser selecionados <strong>de</strong><br />

entre os cidadãos, pelo menos até à abolição da coregia, no<br />

final do século IV a.C., altura <strong>em</strong> que aparec<strong>em</strong> registos <strong>de</strong><br />

coros profissionais nas inscrições dos festivais.<br />

Depois do século IV a.C., e segundo Haigh (1907: 287),<br />

muito pouco se sabe sobre a história do coro, mas as evidên‑<br />

cias parec<strong>em</strong> apontar para a sua total ausência, na tragédia, já<br />

durante o século III a.C., situação que com o passar do t<strong>em</strong>po<br />

se veio cada vez mais a acentuar.<br />

Na comédia assistiu‑se à mesma perda <strong>de</strong> importância do<br />

papel do coro, pelo que é notório que, a partir das Mulheres na<br />

Ass<strong>em</strong>bleia, estreada <strong>em</strong> 392 a.C., Aristófanes ten<strong>de</strong> a diminuir<br />

as suas intervenções 20 e, apesar <strong>de</strong> a sua ainda participação na<br />

18 Esta tendência acentuar‑se‑á ainda mais na Época Helenística.<br />

19 Aristóteles, que viveu num t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que esta prática se tinha<br />

generalizado, con<strong>de</strong>nava duramente esta situação, sugerindo que o coro<br />

tivesse o mesmo estatuto que os atores e que, por isso, interviesse <strong>de</strong> forma<br />

incisiva na ação. Vi<strong>de</strong> Aristóteles, Poética, 18.1456a26sqq. Cf. Aristóteles,<br />

Probl<strong>em</strong>as, 19.922b10‑27.<br />

20 Segundo Csapo & Slater (1994: 349), na primeira comédia <strong>de</strong><br />

Aristófanes, os Acarnenses (425 a.C.), a percentag<strong>em</strong> da participação do coro<br />

ascen<strong>de</strong> aos 24%, ao passo que, no Pluto (388 a.C.), não passa <strong>de</strong> 3.2%.<br />

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