O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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O <strong>TeaTrO</strong> <strong>GreGO</strong> <strong>em</strong> <strong>COnTexTO</strong> <strong>de</strong> <strong>represenTaçãO</strong><br />
pessoa do corifeu. Outras vezes, o coro <strong>de</strong>sdobrava‑se <strong>em</strong> dois<br />
e, enquanto uma das partes cantava, a outra movimentava‑se,<br />
executando gestos ex<strong>em</strong>plificativos do que estava a ser can‑<br />
tado 42 , <strong>em</strong>bora a imaginação tivesse uma intervenção muito<br />
importante aqui, porquanto n<strong>em</strong> tudo podia ser ilustrado 43<br />
n<strong>em</strong> há evidências seguras relativas ao grau <strong>de</strong> mímica <strong>de</strong> que<br />
os el<strong>em</strong>entos do coro se serviriam quando os atores falavam<br />
ou quando eles próprios cantavam.<br />
Esta divisão do coro <strong>em</strong> dois s<strong>em</strong>i‑coros, também no que<br />
concerne à repartição das estrofes e antístrofes dos estásimos,<br />
ainda que não constituísse uma prática comum, ocorreu con‑<br />
tudo, no enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Pickard‑Cambridge (1953: 250), algumas<br />
vezes, como se po<strong>de</strong> comprovar, ainda que por breves instantes,<br />
no párodo da Alceste <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s (vv. 77‑140) ou ao longo <strong>de</strong><br />
toda a Lisístrata <strong>de</strong> Aristófanes, o mesmo suce<strong>de</strong>ndo, ainda<br />
na opinião do mesmo estudioso, relativamente à parábase da<br />
generalida<strong>de</strong> das comédias, nomeadamente no que concerne<br />
à estrofe e à antístrofe.<br />
A divisão do coro <strong>em</strong> dois s<strong>em</strong>i‑coros podia manter‑se ao<br />
longo <strong>de</strong> toda a peça ou ocorrer, apenas, <strong>em</strong> momentos específi‑<br />
cos. Em certas peças não há dúvida <strong>de</strong> que o dramaturgo tenha<br />
optado por colocar dois coros distintos a contracenar, como<br />
se verifica no final das Euméni<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ésquilo (vv. 1032‑1046),<br />
quando estas são acompanhadas <strong>em</strong> cortejo pelos cidadãos até<br />
ao seu santuário, ou nas Fenícias <strong>de</strong> Frínico, representadas <strong>em</strong><br />
476 a.C., on<strong>de</strong> se afigura muito provável a existência <strong>de</strong> um<br />
coro <strong>de</strong> conselheiros e outro das próprias mulheres fenícias<br />
(frs. 8‑12 Nauck 2 ). Segundo Pickard‑Cambridge (1953: 242‑<br />
244), também nas Suplicantes <strong>de</strong> Ésquilo as serviçais <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />
ter formado um grupo separado das Danai<strong>de</strong>s e, na Lisístrata<br />
<strong>de</strong> Aristófanes, o coro estaria dividido <strong>em</strong> homens e mulheres.<br />
Noutras ocasiões, atores e coro podiam interagir através <strong>de</strong><br />
um diálogo lírico, on<strong>de</strong> cada qual mantinha o seu respetivo<br />
modo <strong>de</strong> elocução – o retórico e o lírico –, como acontece<br />
nas Coéforas <strong>de</strong> Ésquilo, com o coro, Electra e Orestes, e no<br />
Agamémnon do mesmo tragediógrafo <strong>em</strong> relação às figuras <strong>de</strong><br />
Cassandra e do coro, <strong>em</strong>bora aqui, segundo Rehm (1992: 57),<br />
42 Segundo Rehm (1992: 54), <strong>em</strong> termos mo<strong>de</strong>rnos, a dança dos<br />
coros gregos aproximava‑se mais da dança sincronizada do que do ballet,<br />
recorrendo‑se mais a movimentos expressivos do que a abstratos.<br />
43 Sobre a importância das palavras no teatro grego, vi<strong>de</strong> cap. 7, 135‑136.<br />
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