O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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O <strong>TeaTrO</strong> <strong>GreGO</strong> <strong>em</strong> <strong>COnTexTO</strong> <strong>de</strong> <strong>represenTaçãO</strong><br />
Gran<strong>de</strong>s Dionísias, mais <strong>de</strong> 1250 artistas, número que resul‑<br />
tava do facto <strong>de</strong>, para os ditirambos, ser<strong>em</strong> necessários vinte<br />
poetas, vinte coregos, vinte flautistas, quinhentos homens e<br />
quinhentos rapazes; para a tragédia, três poetas, três coregos,<br />
três flautistas, nove atores 40 e entre trinta e seis a quarenta e<br />
cinco coreutas 41 ; para a comédia, cinco poetas, cinco coregos,<br />
cinco flautistas, quinze atores e cento e vinte coreutas. Para a<br />
concretização das performances, contribuía também um con‑<br />
junto alargado <strong>de</strong> outras pessoas relacionadas com a confeção<br />
do vestuário ou com a assistência técnica.<br />
No primeiro dia do festival, o oitavo do mês Elafebólion,<br />
um dia preparatório, <strong>de</strong>corria o proagon, num edifício perto<br />
do teatro, <strong>de</strong>nominado o<strong>de</strong>on. Os poetas a concurso que se<br />
faziam acompanhar pelos atores e pelos el<strong>em</strong>entos do coro,<br />
que se apresentavam s<strong>em</strong> máscaras ou figurinos mas coroados<br />
<strong>de</strong> flores, ascendiam a uma plataforma e davam uma preleção<br />
sobre as composições que estavam prestes a exibir. 42<br />
No final do dia tinha lugar a eisagoge <strong>de</strong> Diónisos apo tes<br />
escharas. Este ritual consistia numa reconstituição do advento do<br />
<strong>de</strong>us <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Eleutherai, na Beócia, até à Ática. Assim, a estátua<br />
<strong>de</strong> Dionysos Eleuthereus, que comummente retrata o <strong>de</strong>us com<br />
um bastão <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e uma máscara e que nesse dia surgia<br />
coroada com heras, era conduzida do seu t<strong>em</strong>plo na Acrópole<br />
para outro t<strong>em</strong>plo nas imediações da Acad<strong>em</strong>ia 43 , na estrada<br />
para Eleutherai, e era colocada no altar <strong>de</strong> sacrifícios – eschara.<br />
Seguiam‑se oblações e entoações <strong>de</strong> hinos. Depois, a estátua era<br />
levada para o teatro numa procissão <strong>de</strong> tochas e na parte mais<br />
importante do ritual era transportada pelo ephebos – o hom<strong>em</strong><br />
mais novo <strong>em</strong> ida<strong>de</strong> militar. Pickard‑Cambridge (1953: 587)<br />
refere que se <strong>de</strong>sconhece se a estátua permanecia no teatro até<br />
ao fim do festival ou se regressava ao t<strong>em</strong>plo para a preparação<br />
dos sacrifícios que a pompe exigia, voltando, <strong>de</strong>pois, para o<br />
teatro. De qualquer forma, e tendo por base o test<strong>em</strong>unho <strong>de</strong><br />
40 Número que podia aumentar, no caso <strong>de</strong> o poeta recorrer a figurantes.<br />
41 O número <strong>de</strong>pendia <strong>de</strong> os coros ser<strong>em</strong> constituídos por doze ou<br />
quinze el<strong>em</strong>entos.<br />
42 Cf. Ésquines, Contra Ctesifonte, 67; Aristófanes, Rãs, 1099‑1118.<br />
Houve, no entanto, uma ocasião <strong>em</strong> que os el<strong>em</strong>entos do coro, acompa‑<br />
nhados por Sófocles, participaram no proagon <strong>de</strong>spojados <strong>de</strong> coroas <strong>de</strong><br />
flores – <strong>de</strong>pois da notícia da morte <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s. Cf. Vida <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s,<br />
apud Csapo & Slater (1994: 110).<br />
43 Cf. Pausânias, 1.29.2.<br />
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