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O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

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Isabel Castiajo<br />

ser executados, as mais das vezes, <strong>em</strong> uníssono 26 , <strong>de</strong> acordo<br />

com a coletivida<strong>de</strong> que lhe era inerente.<br />

Já na comédia, o período <strong>de</strong>stinado aos ensaios não ne‑<br />

cessitava <strong>de</strong> ser tão extenso, porquanto os seus intervenientes<br />

atuavam <strong>em</strong> apenas uma composição.<br />

6.4 - Funções<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da evolução verificada no que respeita<br />

ao papel do coro, o facto é que a pertinência da sua presença<br />

ao longo dos anos, <strong>de</strong> uma forma mais ou menos acentuada,<br />

é inquestionável, porquanto muitas são as funções que se lhe<br />

pod<strong>em</strong> atribuir. Uma das mais importantes é, s<strong>em</strong> dúvida, a<br />

<strong>de</strong> narrador, função que o coro, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios da sua<br />

existência, s<strong>em</strong>pre foi <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhando, nessa fase duma forma<br />

ainda mais incisiva, porquanto os ditirambos não eram mais<br />

do que narrações cantadas <strong>de</strong> acontecimentos. Assim, à luz da<br />

nomenclatura mo<strong>de</strong>rna, po<strong>de</strong>r‑se‑á dizer que ocasiões houve<br />

<strong>em</strong> que o coro foi um narrador omnisciente, que d<strong>em</strong>onstrava<br />

saber mais do que o comum dos espectadores, pelos indícios<br />

que frequent<strong>em</strong>ente ia fornecendo, sob a forma <strong>de</strong> prolepses 27 ;<br />

outras, <strong>em</strong> que sabia tanto como o público, e outras ainda <strong>em</strong><br />

que revelava ter um conhecimento menor do que a audiência,<br />

na medida <strong>em</strong> que vaticinava situações que não se vinham<br />

<strong>de</strong>pois a comprovar com o <strong>de</strong>senrolar da peça 28 . Esta ausên‑<br />

cia <strong>de</strong> conhecimento sobre o <strong>de</strong>senrolar intrínseco da ação,<br />

evi<strong>de</strong>nte <strong>em</strong> bastantes peças, levou a que muitos estudiosos<br />

atribuíss<strong>em</strong> ao coro o epíteto <strong>de</strong> “espectador i<strong>de</strong>al”, já que este<br />

reagia, muitas vezes, aos acontecimentos dramáticos como se<br />

eles constituíss<strong>em</strong> novida<strong>de</strong> e, por isso, como se os coreutas<br />

soubess<strong>em</strong> tanto como o comum dos espectadores, e porque<br />

comummente reinterpretavam a mensag<strong>em</strong> veiculada na peça<br />

conferindo‑lhe um estatuto universal – objetivo último que<br />

os poetas perseguiam. Um <strong>de</strong>sses estudiosos é Zimmermann<br />

<strong>de</strong> ensaios e da prestação oficial nos festivais, bebia vinho copiosamente<br />

para celebrar a sua participação e regressava à vida <strong>de</strong> todos os dias.<br />

26 Wiles (2000: 132) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a uniformida<strong>de</strong> exigida aos coros só<br />

era possível porque os jovens que os constituíam praticavam, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tenra<br />

ida<strong>de</strong>, danças corais e cânticos no contexto <strong>de</strong> diferentes festivais religiosos.<br />

27 É o que acontece, por ex<strong>em</strong>plo, no Agamémnon <strong>de</strong> Ésquilo (vv. 55‑<br />

59) quando o coro, no párodo, afirma que a ira não esquecerá a vingança<br />

<strong>de</strong> uma filha e cairá sobre o rei argivo.<br />

28 Vi<strong>de</strong> Ésquilo, Coéforas, 931 sqq.; Eurípi<strong>de</strong>s, Me<strong>de</strong>ia, 282 sqq.<br />

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