O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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Isabel Castiajo<br />
seja Cassandra a cantar e o coro a falar, até a profetisa arrastar o<br />
grupo na sua dança e juntos partilhar<strong>em</strong> o kommos. O diálogo<br />
cantado podia também ocorrer entre corifeu e ator 44 .<br />
Relativamente às partes faladas do coro, estas são, frequen‑<br />
t<strong>em</strong>ente, atribuídas exclusivamente ao corifeu que incitava ao<br />
diálogo, a b<strong>em</strong> da clareza, como acontece nas Euméni<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Ésquilo, quando este el<strong>em</strong>ento assume a representativida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> todas as Fúrias e dialoga com Apolo e Atena. Havia, no<br />
entanto, situações <strong>em</strong> que nos <strong>de</strong>paramos com variadas vozes<br />
do coro, como acontece <strong>de</strong>pois da morte <strong>de</strong> Agamémnon, na<br />
peça homónima <strong>de</strong> Ésquilo (vv. 1348‑1371). Diferentes vozes<br />
podiam também ser ouvidas, na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> personagens<br />
que entravam ou saíam <strong>de</strong> cena, nas pausas entre longos dis‑<br />
cursos ou, ainda, quando os el<strong>em</strong>entos do coro serviam <strong>de</strong><br />
intermediários numa contenda, ajudando o público a perceber<br />
que personag<strong>em</strong> falava, já que o uso da máscara e a distância<br />
entre espectadores e performers impedia que aqueles tivess<strong>em</strong><br />
essa perceção.<br />
Há também ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> discursos proferidos por el<strong>em</strong>en‑<br />
tos do coro, como o pronunciado pelo corifeu, no Héracles <strong>de</strong><br />
Eurípi<strong>de</strong>s (vv. 252‑274), mais extenso do que o papel conferi‑<br />
do a algumas personagens, como, por ex<strong>em</strong>plo, a Egisto, nas<br />
Coéforas (vv. 838‑869) <strong>de</strong> Ésquilo.<br />
Quando o coro falava com os atores, fazia‑o à maneira <strong>de</strong>s‑<br />
tes, servindo‑se do trímetro iâmbico, metro também usado na<br />
comédia, nomeadamente na parábase. Outras vezes, servia‑se<br />
do tetrâmetro trocaico, mas, nesses casos, quando o modo <strong>de</strong><br />
elocução era o recitativo, que geralmente estava associado a cenas<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> tensão e suspense e também à entrada do coro <strong>em</strong><br />
cena. Esta, por norma, ocorria no início das peças 45 e era feita<br />
através <strong>de</strong> uma ou <strong>de</strong> ambas as entradas laterais do teatro – as<br />
parodoi – nome por que ficou também conhecida, <strong>em</strong> termos<br />
estruturais, a primeira intervenção do coro, exatamente por,<br />
<strong>em</strong> geral, coincidir com este movimento.<br />
44 Cf. Belessort (1934: 39).<br />
45 Seale (1982: 14) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que, convencionalmente, o coro entrava<br />
muito antes <strong>de</strong> a peça começar e só saía, com raras exceções, no final.<br />
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