O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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Isabel Castiajo<br />
que por esta altura a classe não era n<strong>em</strong> muito numerosa 79<br />
n<strong>em</strong> profissional a t<strong>em</strong>po inteiro. Quanto à escolha dos outros<br />
protagonistas, Rehm (1992: 28) acredita que ela se baseasse<br />
<strong>em</strong> atuações anteriores dos mesmos quer <strong>em</strong> festivais maiores<br />
quer <strong>em</strong> menores e, quando necessário, <strong>em</strong> audições perante o<br />
arconte epónimo. De qualquer forma, por altura dos festivais,<br />
os atores protagonistas eram pagos pelo <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho do seu<br />
trabalho e esse pagamento era feito pelo arconte. Segundo<br />
Ghiron‑Bistagne (1976: 180), o montante dos salários era<br />
fixado por <strong>de</strong>cisão da Ass<strong>em</strong>bleia 80 e o pagamento era feito<br />
da mesma forma <strong>em</strong> todas as cida<strong>de</strong>s, através <strong>de</strong> um contrato<br />
estabelecido entre o Estado e os atores selecionados para os<br />
festivais. No t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> Aristófanes, o salário dos protagonistas<br />
podia chegar aos três óbolos por dia e, no século III a.C., aos<br />
nove. 81 . Era o protagonista que pagava aos outros atores, pelo<br />
menos ao tritagonista que <strong>de</strong>pendia diretamente da sorte do<br />
ator principal. Quanto aos <strong>de</strong>uteragonistas, Ghiron‑Bistagne<br />
(1976: 185) acredita que estes atores foss<strong>em</strong> também eles asso‑<br />
ciados <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada companhia e, por isso, recebess<strong>em</strong><br />
um salário já estipulado e inferior ao do protagonista, como<br />
é o caso <strong>de</strong> Símilo e Sócrates 82 ; daí que, por vezes, os atores<br />
tivess<strong>em</strong> <strong>de</strong> recorrer a outros expedientes, como viver sobre a<br />
proteção <strong>de</strong> um mecenas ou dar lições <strong>de</strong> dicção a oradores 83<br />
79 Para este facto contribuía, por um lado, o reduzido número <strong>de</strong><br />
atores exigido <strong>em</strong> cada performance (máximo três atores) e, por outro,<br />
a escassez <strong>de</strong> acontecimentos <strong>em</strong> que podiam participar. Recor<strong>de</strong>‑se que<br />
os gran<strong>de</strong>s festivais dramáticos, <strong>em</strong> Atenas, <strong>de</strong>corriam apenas durante<br />
três s<strong>em</strong>anas. Segundo D’Arnott (1989: 44), ainda que houvesse outros<br />
eventos menores, o certo é que, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte do ano, provavelmente<br />
estes homens <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhariam outras funções, como por ex<strong>em</strong>plo ensinar<br />
a falar <strong>em</strong> público.<br />
80 Vi<strong>de</strong> Aristófanes, Rãs, 367‑8.<br />
81 Para se ter uma noção do quanto os atores ganhavam, nesta altura,<br />
um ourives ou um artesão tinham <strong>de</strong> trabalhar entre dois e seis meses<br />
para ganhar aquilo que um ator trágico arrebatava numa representação.<br />
Cf. Ghiron‑Bistagne (1976: 184).<br />
82 Cf. D<strong>em</strong>óstenes, Sobre a Coroa, 262.<br />
83 O ex<strong>em</strong>plo mais famoso <strong>de</strong>sta situação é o <strong>de</strong> Ésquines. D<strong>em</strong>óstenes<br />
terá aprendido a falar <strong>em</strong> público com o ator Andronico ou, segundo uma<br />
outra versão, com o gran<strong>de</strong> Pólo. Exist<strong>em</strong> também notícias <strong>de</strong> que terá<br />
aprendido a controlar a respiração com Neoptól<strong>em</strong>o.<br />
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