O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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Isabel Castiajo<br />
do poeta não estava <strong>de</strong> forma alguma limitada por convenções<br />
estereotipadas e que, tal como parece ter acontecido nas Aves<br />
<strong>de</strong> Aristófanes, os m<strong>em</strong>bros do coro não tinham <strong>de</strong> estar todos<br />
caracterizados <strong>de</strong> forma igual.<br />
Pelo exposto, é pois possível constatar que nos primeiros<br />
t<strong>em</strong>pos da Época Clássica, apesar <strong>de</strong> haver uma certa liber‑<br />
da<strong>de</strong> na confeção das máscaras, a inclinação geral era para<br />
evitar o exagero, situação que <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> se verificar na Época<br />
Helenística, quando a contenção <strong>de</strong>u lugar à exorbitância e, por<br />
isso, a tendência foi para exagerar na expressivida<strong>de</strong> da máscara,<br />
quer através da representação excessiva da abertura da boca<br />
quer da introdução do onkos, uma elevação da máscara acima<br />
da testa 38 . Bulle (apud Pickard‑Cambridge 1953: 193‑194)<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que esta particularida<strong>de</strong> das máscaras foi condicionada<br />
pela introdução, no edifício teatral, do proscénio, mas Pickard‑<br />
Cambridge (1953: 194) consi<strong>de</strong>ra que as mais antigas máscaras<br />
com um elevado onkos parec<strong>em</strong> datar <strong>de</strong> 300 a.C. e, portanto,<br />
afigura‑se improvável que tenham <strong>de</strong>corrido da alteração do<br />
espaço <strong>de</strong> ação, a qual se verificou por volta <strong>de</strong> 330 a.C. Um<br />
ex<strong>em</strong>plo b<strong>em</strong> nítido do que era o onkos é visível na pintura<br />
<strong>de</strong> Herculano 39 , datada provavelmente <strong>de</strong> finais do século IV<br />
ou princípios do III a.C., e na qual é possível vislumbrar uma<br />
máscara colocada num recetáculo sobre um pilar, que ostenta<br />
um elevado onkos, um longo cabelo <strong>de</strong> ambos os lados, a boca<br />
amplamente aberta e os olhos arregalados.<br />
A respeito <strong>de</strong>sta evolução, Pickard‑Cambridge (1953: 185)<br />
refere que o naturalismo das máscaras mais antigas <strong>de</strong>sapareceu<br />
e a tragicida<strong>de</strong> tornou‑se exagerada. No entanto, exist<strong>em</strong> outras<br />
fontes que atestam que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre o onkos era concebido <strong>de</strong><br />
forma tão excessiva, como é possível verificar numa estátua,<br />
existente nos Museus do Vaticano e datada da segunda meta<strong>de</strong><br />
do século IV a.C., que segura numa das mãos uma máscara<br />
38 Esta datação cronológica é corroborada pelas fontes iconográficas<br />
anteriores a este período, cujas máscaras representadas não revelam a exis‑<br />
tência <strong>de</strong>stas características. Ex<strong>em</strong>plo disso é o <strong>de</strong>nominado vaso Prónomo,<br />
atrás referido, datado <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 400 a.C. (cf. supra cap. 3, n. 34).<br />
39 Representação votiva <strong>de</strong>dicada a um ator trágico vitorioso.<br />
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