O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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Isabel Castiajo<br />
ten<strong>de</strong>sse a ser circular 49 , tendo evoluído para retangular e<br />
<strong>de</strong>pois para triangular, quando o ator assumiu um papel <strong>de</strong><br />
relevo face ao coro e quando este passou a ser constituído por<br />
quinze el<strong>em</strong>entos, número que permitiu a formação do coro<br />
<strong>em</strong> triângulo ou retângulo e simultaneamente o <strong>de</strong>staque da<br />
figura do corifeu 50 , que <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhava um papel <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a<br />
importância não só porque oralmente era, muitas vezes, o seu<br />
porta‑voz 51 , mas também porque se distinguia na li<strong>de</strong>rança da<br />
movimentação do coro.<br />
Segundo Csapo & Slater (1994: 353), o coro estava orga‑<br />
nizado numa hierarquia rígida, análoga à formação <strong>em</strong> linha<br />
dos hoplitas, quando se preparavam para uma batalha 52 . Esta<br />
formação retangular consistia na distribuição dos quinze ele‑<br />
mentos por três filas (zyga) com uma linha <strong>de</strong> cinco coreutas<br />
cada (stoichoi) 53 , sendo que, quando o coro marchava, a sua<br />
organização podia ser a <strong>de</strong> uma frente com três el<strong>em</strong>entos<br />
– kata zyga – ou com cinco – kata stoichous 54 . Geralmente a<br />
entrada do coro ocorria na formação kata zyga, sendo que os<br />
el<strong>em</strong>entos do coro que mais se <strong>de</strong>stacavam posicionavam‑se na<br />
fila mais à esquerda (aristerostata), que ficava mais próxima da<br />
audiência, la<strong>de</strong>ando o corifeu, situado no centro da fila 55 . Os<br />
el<strong>em</strong>entos menos capazes surgiam na fila central (laurostata<br />
ou <strong>de</strong>uterostata), <strong>de</strong> forma a passar<strong>em</strong> mais <strong>de</strong>spercebidos aos<br />
49 A confirmá‑lo parece estar o verso 309 das Euméni<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ésquilo, on<strong>de</strong><br />
se evoca a dança <strong>em</strong> roda. Além disso, um escólio à Hécuba <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s,<br />
647, atribui um movimento rotativo simétrico, à direita, à estrofe, e um,<br />
à esquerda, à antístrofe que, juntamente com o epodo, altura <strong>em</strong> que não<br />
havia movimentação, constituíam os estásimos. Vi<strong>de</strong> ainda Aristófanes,<br />
Mulheres que celebram as Tesmofórias, 953 sqq.; 966 sqq.; Eurípi<strong>de</strong>s, Ifigénia<br />
<strong>em</strong> Áuli<strong>de</strong>, 1480‑1; Héracles, 987‑93.<br />
50 Segundo Wiles (2000: 135), há relatos que evi<strong>de</strong>nciam que este pa‑<br />
pel <strong>de</strong> elevada importância chegou a ser <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhado por cidadãos que<br />
acumulavam quer as funções <strong>de</strong> corego quer <strong>de</strong> chorodidaskalos.<br />
51 Wiles (2000: 135) discorda que somente o corifeu tomasse a palavra<br />
nas partes dialogadas que se <strong>de</strong>stinavam ao coro e que não eram dançáveis,<br />
já que, como os atores usavam máscaras, uma voz a solo que <strong>em</strong>anasse <strong>de</strong><br />
uma multidão não seria i<strong>de</strong>ntificada.<br />
52 Da mesma opinião partilha Stanford (1983: 88), que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que as<br />
danças corais se caracterizavam por um certo caráter geométrico, quando<br />
os el<strong>em</strong>entos tomavam a sua posição <strong>em</strong> filas organizadas.<br />
53 Vi<strong>de</strong> Pólux, 4.108‑9.<br />
54 Segundo Hesíquio (s.v. grammai), havia linhas marcadas no chão,<br />
<strong>de</strong> forma a permitir que o coro ficasse alinhado e a frente retilínea.<br />
55 Vi<strong>de</strong> Fócio, s.v. tritos aristerou.<br />
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