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O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

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O <strong>TeaTrO</strong> <strong>GreGO</strong> <strong>em</strong> <strong>COnTexTO</strong> <strong>de</strong> <strong>represenTaçãO</strong><br />

4.1 - caLçaDo<br />

A encerrar esta abordag<strong>em</strong> do vestuário teatral, impõe‑se<br />

ainda uma breve reflexão sobre um aspeto que o completava: o<br />

calçado usado nas representações. A gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> a este<br />

respeito resi<strong>de</strong> no caso dos atores trágicos, <strong>em</strong> especial no que<br />

diz respeito à correta i<strong>de</strong>ntificação do coturno – termo que, por<br />

sinédoque, passou à linguag<strong>em</strong> corrente para <strong>de</strong>signar assuntos<br />

<strong>de</strong> natureza trágica ou que exig<strong>em</strong> uma particular serieda<strong>de</strong><br />

no tratamento. Durante anos 46 , acreditou‑se que o calçado<br />

usado pelos atores trágicos se caracterizava pelo uso <strong>de</strong> solas<br />

extr<strong>em</strong>amente elevadas (entre <strong>de</strong>z e vinte e cinco centímetros),<br />

o chamado kothornos, aparent<strong>em</strong>ente visível na conhecida es‑<br />

tatueta <strong>de</strong> Rieti, um marfim conservado no Museu du Petit<br />

Palais (reprod. Csapo & Slater 1994: Pl. 10D) 47 .<br />

Mas hoje sabe‑se que esta especificida<strong>de</strong> do calçado vigorou<br />

apenas no período helenístico, no seguimento da introdução do<br />

proscénio e <strong>de</strong> edifícios teatrais com maior capacida<strong>de</strong>, já que,<br />

para atenuar o acentuar da distância entre audiência e atores, foi<br />

necessário conferir a estes altura e majesta<strong>de</strong> extra. Assim, no<br />

século V a.C., parece provável que os atores usass<strong>em</strong> um tipo<br />

<strong>de</strong> calçado simples e maleável que chegava a uma <strong>de</strong>terminada<br />

altura da perna e cuja biqueira ficava relativamente levantada.<br />

A sola, no enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Brooke, fazia parte da mesma peça com<br />

que se fabricava a bota e era fina o suficiente, <strong>de</strong> forma a não<br />

impedir os movimentos. É com este tipo <strong>de</strong> calçado que os<br />

m<strong>em</strong>bros <strong>de</strong> um coro f<strong>em</strong>inino aparec<strong>em</strong> representados nos<br />

46 Para esta teoria contribui também o facto <strong>de</strong> a tradição, baseada<br />

numa passag<strong>em</strong> corrupta da Vida <strong>de</strong> Ésquilo, ter atribuído a este tragedi‑<br />

ógrafo a criação dos kothornoi.<br />

47 Segundo Pickard‑Cambridge (1953: 228), essa teoria resultou da<br />

análise indiscriminada, <strong>em</strong> termos cronológicos, das fontes. O mesmo<br />

estudioso <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, inclusive, que exist<strong>em</strong> <strong>de</strong>terminadas cenas trágicas,<br />

como a da passag<strong>em</strong> sobre o tapete purpúreo <strong>de</strong> Agamémnon ou cenas<br />

que exigiam movimentos rápidos e/ ou violentos dos atores, que seriam<br />

impraticáveis com este tipo <strong>de</strong> calçado tão excêntrico. Além disso, hoje<br />

<strong>em</strong> dia, exist<strong>em</strong> inclusivamente teses sobre a estátua <strong>de</strong> Rieti que apontam<br />

no sentido <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar como pegas para manter a estátua <strong>em</strong> pé aquilo<br />

que parece ser a sola do calçado.<br />

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