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O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

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Isabel Castiajo<br />

foss<strong>em</strong> os <strong>de</strong>uses, através da fácil introdução facultada pela<br />

mechane, a resolver<strong>em</strong> dificulda<strong>de</strong>s aparent<strong>em</strong>ente insolúveis.<br />

E <strong>de</strong> tal forma este procedimento se tornou comum, que o<br />

mesmo foi alvo do sarcasmo por ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> Platão (Crátilo,<br />

425d), que afirma que, <strong>em</strong> situações <strong>de</strong> dil<strong>em</strong>a, os poetas re‑<br />

corriam, frequent<strong>em</strong>ente, ao theos apo mechanes – ou, para se<br />

usar a expressão latina mais consagrada, ao <strong>de</strong>us ex machina.<br />

Também Antífanes (frag. 191. 13‑16K) critica o seu uso, afir‑<br />

mando que os poetas trágicos faziam aparecer uma máquina<br />

voadora quando não tinham mais nada que dizer; e Aristóteles,<br />

na Poética (15.1454b), refere‑se ao recurso do theos apo mechanes<br />

como um artifício menor para encontrar uma solução, uma<br />

vez que o autor se recusava a admitir o irracional no mundo<br />

da peça. Eurípi<strong>de</strong>s é tido como um utilizador recorrente <strong>de</strong>ste<br />

recurso, já que era frequente a intervenção dos <strong>de</strong>uses no final<br />

das suas tragédias.<br />

Da mesma forma que o plano superior dos imortais se fazia<br />

sentir no espaço do teatro, através da presença dos <strong>de</strong>uses <strong>em</strong><br />

lugares <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, e o dos mortais através da movimentação<br />

das personagens humanas no plano da orquestra ou do pe‑<br />

queno palco elevado, também o submundo dos mortos podia<br />

ser representado. Para isso contribuiu <strong>de</strong> forma acentuada a<br />

criação, na Época Helenística, <strong>de</strong> uma passag<strong>em</strong> subterrânea<br />

que culminava numa escadaria que dava acesso à orquestra e<br />

que permitia aparições fantasmagóricas 34 – as <strong>de</strong>nominadas por<br />

Pólux (4.132) como ‘escadas <strong>de</strong> Caronte’ (Charoneioi klimakes).<br />

De frente para a skene, quer para a direita quer para a esquerda<br />

da orquestra, estavam situados os assentos, encrostados no solo,<br />

<strong>em</strong> várias filas. Os lugares <strong>de</strong> honra – proedriai 35 – <strong>de</strong>stinados<br />

a sacerdotes e a outras figuras <strong>de</strong> relevo, como sendo os oficiais<br />

da cida<strong>de</strong>, eram <strong>em</strong> pedra e posicionavam‑se na primeira fila.<br />

No centro, figurava o lugar concedido ao sacerdote <strong>de</strong> Diónisos<br />

Eleuthereus. A secção central imediatamente a seguir, na opinião<br />

<strong>de</strong> Bieber (1961: 71), estaria reservada aos convidados <strong>de</strong> honra,<br />

enquanto as cinco secções <strong>de</strong> cada um dos lados <strong>de</strong>stinar‑se‑<br />

‑iam às <strong>de</strong>z tribos áticas, que concorriam com <strong>de</strong>z ditirambos 36 .<br />

34 Bieber (1961: 78), refere que, às vezes, se viam apenas as cabeças<br />

ou o busto das personagens.<br />

35 Cf. Aristófanes, Cavaleiros, 702‑4.<br />

36 Esta situação foi <strong>de</strong>preendida pelo facto <strong>de</strong> ter sido encontrado um<br />

bilhete com o nome da tribo <strong>de</strong> Erecteu.<br />

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