O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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Isabel Castiajo<br />
trágicos que os Atenienses construíram um teatro <strong>em</strong> pedra e<br />
<strong>em</strong> mármore, exatamente porque esse foi, s<strong>em</strong> dúvida, o século<br />
<strong>em</strong> que a gran<strong>de</strong> atração passaram a ser os atores e o seu nível<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento dos responsáveis pela urdidura<br />
da trama – os poetas.<br />
Este teatro, com assentos também eles <strong>em</strong> pedra, tinha<br />
capacida<strong>de</strong> para cerca <strong>de</strong> 14 mil espectadores 41 e continuava a<br />
reservar, na fila da frente, lugares <strong>de</strong> honra para personalida<strong>de</strong>s<br />
distintas – as proedriai – mas <strong>de</strong>sta vez <strong>em</strong> mármore e com a<br />
configuração <strong>de</strong> tronos individuais. De qualquer forma, o au‑<br />
ditório foi concebido <strong>de</strong> maneira verda<strong>de</strong>iramente d<strong>em</strong>ocrática,<br />
sendo que os lugares eram igualmente bons <strong>em</strong> qualquer dos<br />
lados, o que levou Wiles (1997: 59) a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r que o teatro<br />
mudou progressivamente <strong>de</strong> um local <strong>de</strong> absoluto teocentrismo<br />
orientado por um t<strong>em</strong>plo e um altar para o símbolo <strong>de</strong> uma<br />
socieda<strong>de</strong> perfeitamente plana e d<strong>em</strong>ocrática.<br />
Ainda assim e segundo Bellessort (1934: 43) a ótica e a<br />
acústica do teatro seriam extr<strong>em</strong>amente <strong>de</strong>feituosas na zona<br />
superior. O autor confirma esta i<strong>de</strong>ia, dando voz à opinião <strong>de</strong><br />
Navarre que afirma que no século IV a.C. os cerca <strong>de</strong> 6.000<br />
ou 8.000 cidadãos que tomavam lugar no teatro <strong>de</strong> Diónisos<br />
para participar<strong>em</strong> na ass<strong>em</strong>bleia percebiam os oradores porque<br />
tomavam assento na zona inferior.<br />
O público entrava no edifício através das parodoi, agora<br />
ricamente <strong>de</strong>coradas com estátuas e <strong>de</strong>dicatórias, entre a skene<br />
e o muro que <strong>de</strong>limitava o auditório. Na frente da assistên‑<br />
cia, localizava‑se a orquestra circular 42 com 1961 metros <strong>de</strong><br />
diâmetro 43 e, no centro <strong>de</strong>sta, o altar para as oferendas, que<br />
funcionava também como ponto central do movimento do<br />
coro. Em redor <strong>de</strong>sta, um enorme canal transportava a água<br />
41 Pickard‑Cambridge (1946: 141) refere que podia admitir cerca <strong>de</strong><br />
17 mil espectadores, <strong>em</strong>bora consi<strong>de</strong>re mais verosímil um total <strong>de</strong> 14<br />
mil. Quanto à estimativa <strong>de</strong> Platão (Banquete, 175e), que aponta para<br />
uma audiência <strong>de</strong> 30 mil espectadores, o mesmo estudioso consi<strong>de</strong>ra‑a<br />
absolutamente exagerada.<br />
42 Camp (2001: 145) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a primeira orquestra a ser realmente<br />
atestada como circular é a do teatro <strong>de</strong> Diónisos do século IV a.C. Bieber<br />
(1961: 54) acredita que a superfície plana e circular da orquestra grega<br />
t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> na configuração do chão eirado que permaneceu o mesmo,<br />
na Grécia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a antiguida<strong>de</strong>.<br />
43 Cf. Pickard‑Cambridge (1946: 146).<br />
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