18.04.2013 Views

O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Isabel Castiajo<br />

liberda<strong>de</strong> suficiente para <strong>de</strong>cidir que modalida<strong>de</strong> melhor se<br />

a<strong>de</strong>quaria a <strong>de</strong>terminada parte.<br />

A kataloge podia ainda categorizar‑se <strong>em</strong> discursos, diálogos<br />

e <strong>de</strong>bates. Relativamente aos primeiros, visíveis frequent<strong>em</strong>ente<br />

na tragédia e na comédia, resultavam da ligação intrínseca<br />

entre o teatro e a vida pública e política. Assim, apresentavam<br />

a mesma estrutura dos proferidos quer na ass<strong>em</strong>bleia quer nos<br />

tribunais 40 . Em relação ao diálogo, este seguia uma estrutura<br />

rígida, muito diferente dos diálogos reais, <strong>de</strong>signada <strong>de</strong> stichomythia<br />

– o que literalmente significava contar uma história<br />

linha a linha – e que consistia na alternância <strong>de</strong> <strong>em</strong>issor verso<br />

a verso 41 . Este facto permitia que o espectador, familiarizado<br />

com este esqu<strong>em</strong>a, facilmente se apercebesse <strong>de</strong> qual a perso‑<br />

nag<strong>em</strong> que falava. É neste sentido que D’Arnott (1989: 99)<br />

concebe esta rigi<strong>de</strong>z, já que não seria entendível que os Gregos<br />

tivess<strong>em</strong> preocupações <strong>de</strong> verosimilhança com a realida<strong>de</strong> na<br />

escolha do metro a usar nestas circunstâncias – o trímetro<br />

iâmbico – e não as tivess<strong>em</strong> ao recorrer<strong>em</strong> a um esqu<strong>em</strong>a rít‑<br />

mico tão artificial. Há, no entanto, outras visões, como a <strong>de</strong><br />

Thomson (1941: 189‑91), que acredita que a stichomythia era<br />

o resultado da influência <strong>de</strong> alguma liturgia pré‑dramática, já<br />

que o estudioso <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que esta estrutura passou intacta para<br />

as composições dramáticas, sendo que coro e atores assumiam<br />

os papéis <strong>de</strong> sacerdote e iniciado, colocando as questões e dando<br />

as respostas no mesmo ritmo.<br />

Na comédia, ao contrário da tragédia, haveria pausas entre<br />

a alternância dos <strong>em</strong>issores, para permitir que os espectadores<br />

se pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> rir.<br />

No que concerne ao <strong>de</strong>bate (agon), que constituía também<br />

um test<strong>em</strong>unho da natureza política da tragédia, já que, ao<br />

servir<strong>em</strong>‑se <strong>de</strong>le, as personagens <strong>de</strong>fendiam os seus pontos <strong>de</strong><br />

vista como se estivess<strong>em</strong> perante um tribunal, argumentando<br />

e contra‑argumentando, este <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhava um papel pre‑<br />

pon<strong>de</strong>rante quer <strong>em</strong> tragédias 42 quer <strong>em</strong> comédias, sendo que<br />

40 Vi<strong>de</strong> o discurso do sacerdote <strong>de</strong> Zeus, no prólogo do Rei Édipo <strong>de</strong><br />

Sófocles.<br />

41 Este era o esqu<strong>em</strong>a mais comum. Há, no entanto, situações <strong>em</strong> que<br />

a alternância <strong>de</strong> <strong>em</strong>issor se dava <strong>de</strong> dois <strong>em</strong> dois versos (dístico). Outras<br />

vezes, mais raramente ainda, e <strong>de</strong> forma a proporcionar um ritmo mais<br />

acelerado, a alternância ocorria <strong>de</strong> meio <strong>em</strong> meio verso (h<strong>em</strong>istíquio).<br />

42 Vi<strong>de</strong> Euméni<strong>de</strong>s, o <strong>de</strong>bate entre Atena, Apolo e as Fúrias.<br />

87

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!