O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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Isabel Castiajo<br />
o sucesso dos poetas <strong>em</strong> competição. Esta nomeação, como<br />
é óbvio, recaía sobre os cidadãos mais ricos 27 , porque, se ao<br />
Estado cabia a responsabilida<strong>de</strong> pelo pagamento dos atores,<br />
pelos honorários do poeta e pelo prémio atribuído ao vencedor,<br />
era papel do corego assumir os gastos <strong>de</strong>correntes do ensaio<br />
dos coros, do seu vestuário e da sua alimentação, pelo que os<br />
coregos suportavam, então, os gastos inerentes aos figurinos,<br />
aos salários dos cantores, do chorodidaskalos e provavelmente<br />
dos flautistas. Parece também provável que oferecess<strong>em</strong> um<br />
jantar aos el<strong>em</strong>entos do coro <strong>de</strong>pois do festival, e sabe‑se que<br />
era comum custear<strong>em</strong> as <strong>de</strong>spesas inerentes à construção do<br />
monumento corégico, que mandavam erigir, como forma <strong>de</strong><br />
com<strong>em</strong>orar e perpetuar a vitória granjeada 28 .<br />
O eleito podia, no entanto, recusar a sua seleção, advogan‑<br />
do a existência <strong>de</strong> outr<strong>em</strong> com maiores recursos ou alegando<br />
anteriores custos com outros eventos; daí que, por vezes, fosse<br />
difícil conseguir‑se o número necessário <strong>de</strong> coregos. Talvez<br />
tenha sido por isso que, no ano <strong>de</strong> 406‑405 a.C., o sist<strong>em</strong>a da<br />
coregia tivesse sido substituído pelo da sincoregia, ou seja, um<br />
sist<strong>em</strong>a que repartia a responsabilida<strong>de</strong> e os encargos financeiros<br />
<strong>de</strong> cada representação por dois cidadãos 29 .<br />
Durante o regime <strong>de</strong> D<strong>em</strong>étrio <strong>de</strong> Fáleron, <strong>em</strong> Atenas,<br />
(317‑307 a.C.), a coregia foi abolida e a organização do festival<br />
passou a ser atribuída a um agonothetes, eleito anualmente e<br />
provido <strong>de</strong> um fundo monetário para o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho do seu<br />
cargo. No entanto, quer o arconte‑epónimo quer os epimeletas<br />
continuaram a executar as suas obrigações.<br />
Desconhece‑se <strong>de</strong> que forma cada um dos coregos escolhia<br />
o seu poeta, mas não há dúvida <strong>de</strong> que todos eles competiam<br />
pelo melhor. Depois da atribuição do poeta e da contratação<br />
do flautista, o corego tinha que selecionar <strong>de</strong> entre a sua tribo<br />
menos a partir do século IV a.C., altura <strong>em</strong> que parece provável que os<br />
coregos tivess<strong>em</strong> passado a ser nomeados pelas várias tribos, <strong>em</strong>bora se<br />
<strong>de</strong>sconheça até que ponto é que realmente as representariam.<br />
27 De qualquer forma, esta situação não impedia que um cidadão<br />
comum se pu<strong>de</strong>sse voluntariar para assegurar as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> um coro<br />
trágico ou cómico.<br />
28 Wilson (1997: 91) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que, tanto quanto se sabe, um corego<br />
trágico vitorioso era galardoado com uma coroa <strong>de</strong> hera, ao contrário do<br />
seu homólogo, no que diz respeito aos ditirambos, que recebia uma trípo<strong>de</strong><br />
a expensas da pólis. Cf. I.G. II 2 . 1635a A. 33‑4.<br />
29 Cf. escólio a Aristófanes, Rãs, 406a.<br />
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