O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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Isabel Castiajo<br />
sobrevivente na íntegra, que também o limite <strong>de</strong> atores fosse<br />
três. Já na comédia, não há tantas certezas <strong>de</strong> que esta regra se<br />
aplicasse, porquanto algumas peças <strong>de</strong> Aristófanes apresentam<br />
dificulda<strong>de</strong>s relativamente à distribuição <strong>de</strong> papéis apenas por<br />
três el<strong>em</strong>entos. De qualquer forma, Pickard‑Cambridge (1953:<br />
138, 158) admite que havia s<strong>em</strong>pre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comple‑<br />
mentar a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apenas três atores, com o recurso<br />
a personagens mudas, e sugere que Aristófanes usufruiria <strong>de</strong><br />
liberda<strong>de</strong> suficiente para introduzir um outro ator, como, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, nas Vespas, on<strong>de</strong> são necessários pelo menos quatro 12 .<br />
A mesma situação é visível também na comédia nova, com<br />
Menandro 13 .<br />
5.2 - Designação<br />
Nos primeiros t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> vida dos atores, <strong>de</strong>sconhece‑se<br />
<strong>de</strong> que forma estes seriam <strong>de</strong>signados, até porque o seu papel<br />
era pouco relevante 14 , sendo que parece que funcionariam,<br />
meramente, como veículo transmissor da mensag<strong>em</strong> do po‑<br />
eta, s<strong>em</strong> que tivess<strong>em</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contribuir com<br />
algo original 15 . Em meados do século V a.C., quando o ator<br />
<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar apenas o papel <strong>de</strong> um mero <strong>de</strong>clama‑<br />
dor, passando a contracenar e a dialogar com outros atores e<br />
provavelmente com o coro, a palavra usada regularmente para<br />
o <strong>de</strong>signar, fosse trágico ou cómico, protagonista ou não, era<br />
hypokrites, vocábulo que veio a dar orig<strong>em</strong>, <strong>em</strong> português,<br />
ao termo hipócrita 16 . O ator era pois aquele que fingia ser a<br />
personag<strong>em</strong> que a peça retratava e a audiência tinha consciên‑<br />
conta a verda<strong>de</strong>ira história a Jocasta e a Édipo, da qual cada um retira<br />
diferentes ilações, no Rei Édipo <strong>de</strong> Sófocles.<br />
12 Sobre a distribuição dos papéis na comédia, vi<strong>de</strong> Pickard‑Cambridge<br />
(1953: 148‑151).<br />
13 Csapo & Slater (1994: 222) não partilham <strong>de</strong>sta opinião, já que<br />
advogam que a regra dos três atores era cumprida nas peças <strong>de</strong> Menandro,<br />
situação que terá resultado do facto <strong>de</strong> se ter instituído o concurso <strong>de</strong> atores<br />
cómicos, nas Gran<strong>de</strong>s Dionísias, cerca <strong>de</strong> 328‑312 a.C.<br />
14 Segundo Capone (1935: 11), a evolução do ator foi‑se <strong>de</strong>senvolven‑<br />
do <strong>de</strong> forma gradual – <strong>de</strong> interlocutor do coro, na pessoa do corifeu, a<br />
el<strong>em</strong>ento indispensável do diálogo.<br />
15 Vi<strong>de</strong> D’ Arnott (1989: 48).<br />
16 Ghiron‑Bistagne (1976: 116) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que no século IV a.C. a tra‑<br />
gédia era vista pelos seus intérpretes como um exercício <strong>de</strong> estilo e, s<strong>em</strong><br />
dúvida, por essa razão o vocábulo veio a significar hipócrita, já que o ator<br />
representava sob uma máscara e a sua arte consistia essencialmente, como<br />
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