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O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

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O <strong>TeaTrO</strong> <strong>GreGO</strong> <strong>em</strong> <strong>COnTexTO</strong> <strong>de</strong> <strong>represenTaçãO</strong><br />

polícia do teatro – os rhabdouchoi 9 – estava incumbida <strong>de</strong> mo‑<br />

<strong>de</strong>rar as manifestações <strong>de</strong> violência 10 , pelo que qualquer falha<br />

era punida severamente.<br />

Ainda assim, estas atitu<strong>de</strong>s ruidosas, participativas e indisci‑<br />

plinadas faziam‑se sentir mais na comédia do que na tragédia,<br />

como se po<strong>de</strong> facilmente <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r pela própria natureza do<br />

género. De qualquer forma, esta situação resultava, <strong>em</strong> parte,<br />

do facto <strong>de</strong> estarmos a lidar com acontecimentos que <strong>de</strong>cor‑<br />

riam <strong>em</strong> espaço aberto e que permitiam que o conjunto dos<br />

espectadores não só avistasse os atores como também todos<br />

aqueles que os ro<strong>de</strong>avam, daí Stanford (1983: 14) consi<strong>de</strong>rar<br />

que a audiência era um grupo unido, um thiasos, não uma<br />

coleção <strong>de</strong> individualida<strong>de</strong>s.<br />

Exatamente por causa <strong>de</strong>ste contacto direto e do extenso<br />

número <strong>de</strong> horas durante as quais <strong>de</strong>corriam as performances, os<br />

espectadores necessitavam <strong>de</strong> elevados níveis <strong>de</strong> concentração 11 .<br />

Além disso, como não havia nenhum efeito <strong>de</strong> luz ou artefacto<br />

que acusasse o início <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada peça, e porque, nas<br />

comédias, o público se apresentava mais relaxado e jocoso, os<br />

comediógrafos, particularmente Aristófanes, tiveram <strong>de</strong> recorrer<br />

a outros meios para indicar<strong>em</strong> a abertura da representação e<br />

para captar<strong>em</strong> o interesse e a atenção dos espectadores. Assim,<br />

no geral, existiam duas maneiras <strong>de</strong> iniciar uma comédia: ou<br />

<strong>de</strong> forma hilariante, através <strong>de</strong> uma brinca<strong>de</strong>ira rápida e rui‑<br />

dosa, como nos Cavaleiros, na Paz ou nas Aves <strong>de</strong> Aristófanes,<br />

ou com uma sequência <strong>de</strong> tópicos e piadas insignificantes, tal<br />

como acontece nos Acarnenses, nas Vespas ou nas Rãs do mesmo<br />

comediógrafo. Os prólogos serviam também esta finalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>, a pouco e pouco, captar<strong>em</strong> a atenção do espectador, sendo<br />

que era irrelevante que as primeiras frases não foss<strong>em</strong> ouvidas,<br />

já que os conteúdos importantes eram só mencionados quanto<br />

o interesse do público havia já sido <strong>de</strong>spertado 12 .<br />

Esta proximida<strong>de</strong> existente entre atores e espectadores era<br />

não só física, porquanto não havia qualquer fronteira que<br />

9 À letra, ‘portadores do bastão’. Cf. Aristófanes, Paz, 734‑47.<br />

10 Cf. D<strong>em</strong>óstenes, Contra Mídias, 179; Platão, Leis, 3.700c.<br />

11 Ghiron‑Bistagne (1976: 196) elogia a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção e<br />

paixão dos espectadores gregos, que assistiam às performances durante<br />

seis a oito horas.<br />

12 Já na tragédia, e como os prólogos são mais informativos, D’Arnott<br />

(1989: 7) acredita que, pela serieda<strong>de</strong> inerente ao género, ten<strong>de</strong>ncialmente<br />

a audiência fosse, logo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> início, mais recetiva.<br />

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