O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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Isabel Castiajo<br />
o texto, ouvindo‑o recitado, já que não há indícios <strong>de</strong> que<br />
alguma vez tenham tido acesso ao texto escrito. Esta tarefa<br />
da leitura <strong>em</strong> voz alta era, por vezes, assumida pelo próprio<br />
poeta 72 ; noutras ocasiões, estaria a cargo <strong>de</strong> um subordinado,<br />
<strong>de</strong>signado <strong>de</strong> hypoboleus 73 .<br />
5.7 - concursos<br />
O esforço e o t<strong>em</strong>po dispendidos tinham, no entanto, um<br />
gran<strong>de</strong> objetivo – alcançar o primeiro lugar nos concursos –<br />
honrando, antes <strong>de</strong> mais, o poeta e a peça, já que inicialmente<br />
a competição era apenas entre estes el<strong>em</strong>entos e os coregos, e<br />
<strong>de</strong>pois, tendo <strong>em</strong> vista a sua própria vitória, quando se instituiu<br />
o prémio do melhor ator.<br />
Inicialmente, o Estado, na pessoa do arconte, atribuía à<br />
sorte os atores a cada um dos poetas, tal como acontecia rela‑<br />
tivamente aos coregos; mas à medida que a importância dos<br />
atores se foi acentuando, <strong>de</strong> forma a evitar que alguns poetas<br />
pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> beneficiar da participação <strong>de</strong> um ator mais consa‑<br />
grado do que outro, o Estado <strong>de</strong>terminou que cada um dos<br />
protagonistas a concurso no respetivo ano representasse uma<br />
das peças da trilogia <strong>de</strong> cada um dos poetas participantes nos<br />
festivais. Quanto ao <strong>de</strong>uteragonista e ao tritagonista, porque<br />
não almejavam alcançar os lugares vencedores 74 , cabia a cada<br />
um dos poetas a sua seleção 75 .<br />
A maior parte dos atores da Época Clássica era <strong>de</strong> orig<strong>em</strong><br />
ateniense e, ao contrário dos el<strong>em</strong>entos do coro que, com a<br />
participação ativa nos festivais, cumpriam um <strong>de</strong>ver cívico e<br />
religioso, aqueles faziam‑no por opção e por ser uma ativida‑<br />
<strong>de</strong> que podia ser exercida por um hom<strong>em</strong> livre s<strong>em</strong> que este<br />
incorresse na infâmia. Segundo Ghiron‑Bistagne (1976: 174),<br />
a marca mais evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sta situação <strong>de</strong>corria do facto <strong>de</strong> o<br />
nome dos atores, na lista <strong>de</strong> concorrentes e <strong>de</strong> vencedores dos<br />
festivais, não se fazer acompanhar n<strong>em</strong> <strong>de</strong> patronímico n<strong>em</strong><br />
72 Plutarco (Sobre a forma correta <strong>de</strong> escutar, 46b) dá‑nos conta <strong>de</strong> uma<br />
situação que po<strong>de</strong> refletir esta prática: Eurípi<strong>de</strong>s a cantar para o seu coro.<br />
73 Vi<strong>de</strong> Plutarco, Preceitos sobre a forma <strong>de</strong> conduzir o governo, 813e‑f.<br />
74 Os concursos <strong>de</strong>stinavam‑se apenas aos protagonistas. Desconhece‑se<br />
se o prémio do vencedor era atribuído ao ator que melhor <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />
tivesse no conjunto das peças <strong>de</strong> uma trilogia, como parece mais razoável,<br />
ou se distinguia o melhor <strong>em</strong> cada uma das performances.<br />
75 Cf. Taylor (1978: 22).<br />
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