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O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

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Isabel Castiajo<br />

representava um cenário diferente. Ao fazer‑se rodar o prisma,<br />

<strong>de</strong> imediato se alterava o cenário.<br />

Convencionalmente, quando se pretendia indicar uma<br />

localida<strong>de</strong> diferente na mesma cida<strong>de</strong>, mudava‑se, apenas, o<br />

periaktos direito; para alterar toda a cena, eram virados os dois.<br />

As entradas laterais do teatro – as parodoi 24 –, que ficavam<br />

próximas <strong>de</strong> cada um dos lados ou <strong>em</strong> frente dos periaktoi,<br />

tinham o mesmo tipo <strong>de</strong> significado simbólico. Era através<br />

das parodoi que os atores e o coro faziam a sua entrada na or‑<br />

questra. Para além <strong>de</strong>stas duas possibilida<strong>de</strong>s, havia também<br />

como alternativa uma porta central na skene e, provavelmente,<br />

mais duas pequenas portas <strong>de</strong> cada um dos lados 25 . A porta do<br />

meio, representativa do edifício mais distinto e importante,<br />

era s<strong>em</strong>pre ricamente <strong>de</strong>corada.<br />

As entradas e saídas <strong>de</strong> cena das personagens obe<strong>de</strong>ciam a<br />

convenções estipuladas. Joer<strong>de</strong>n argumenta, <strong>em</strong> concordância<br />

com Pólux, que a cida<strong>de</strong>, na tragédia, <strong>de</strong>via estar localizada à<br />

direita da audiência, e o campo à esquerda 26 .<br />

Do que não há dúvida é <strong>de</strong> que as duas parodoi funcio‑<br />

navam s<strong>em</strong>pre como oposições binárias, pelo que é evi<strong>de</strong>nte<br />

a carga analógica, metafórica e simbólica que a entrada das<br />

personagens fazia transparecer. Assim, e tendo <strong>em</strong> conta o<br />

pensamento grego da altura 27 , à que conduzia a personag<strong>em</strong><br />

para a orquestra pela direita da audiência estavam associados<br />

símbolos como os <strong>de</strong> civilização, d<strong>em</strong>ocracia, <strong>de</strong>uses olímpicos,<br />

enquanto no extr<strong>em</strong>o oposto figuravam as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> barbárie,<br />

monarquia, <strong>de</strong>uses ctónicos. De igual forma, privilegiavam o<br />

este sobre o oeste.<br />

Wiles (2003: 40) afirma que, na tragédia antiga, dois opo‑<br />

nentes entravam normalmente <strong>de</strong> lados opostos da orquestra<br />

e, na comédia helenística, famílias rivais viviam atrás <strong>de</strong> duas<br />

portas do lado esquerdo e direito num longo plano horizontal.<br />

Quando a entrada <strong>em</strong> cena era executada através da porta central<br />

24 Em Aristófanes, o termo aparece com a forma <strong>de</strong> eisodoi. Vi<strong>de</strong><br />

Aristófanes, Nuvens, 326; Aves, 296.<br />

25 Cf. Pólux, 4.124; Vitrúvio, 5.6.8.<br />

26 Apud Wiles (1997: 33, 35). Bieber (1961: 75) afirma que o porto<br />

estava também associado ao lado direito da audiência.<br />

27 Os Gregos tendiam a ver o lado direito como auspicioso e o esquerdo<br />

como <strong>de</strong>sfavorável. Ex<strong>em</strong>plo disso é o facto <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar<strong>em</strong> que os pressá‑<br />

gios eram positivos se apareciam da direita. Cf. Ésquilo, Agamémnon, 116.<br />

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