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O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

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Isabel Castiajo<br />

Ésquilo, Sófocles e Eurípi<strong>de</strong>s tenham sido bastante adulteradas<br />

com o objetivo <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> <strong>de</strong>stacadas as intervenções dos atores,<br />

havendo inclusivamente indícios <strong>de</strong> que muitas <strong>de</strong>las possam<br />

ter sido apresentadas s<strong>em</strong> coro. Por esta razão, Licurgo, <strong>em</strong> 330<br />

a.C., promulgou uma lei que estabelecia que as peças dos três<br />

gran<strong>de</strong>s tragediógrafos foss<strong>em</strong> representadas na íntegra e que<br />

os textos originais foss<strong>em</strong> respeitados, <strong>em</strong> qualquer um dos<br />

locais responsáveis pela organização dos concursos dramáticos 88 .<br />

No <strong>de</strong>correr da Época Helenística, os privilégios dos ato‑<br />

res foram aumentando, sendo que, por ex<strong>em</strong>plo, passaram a<br />

estar dispensados do serviço militar, a ter garantias <strong>de</strong> livre‑<br />

‑trânsito 89 <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> <strong>em</strong> cida<strong>de</strong> e a estar isentos do pagamento<br />

<strong>de</strong> impostos 90 . Csapo & Slater (1995: 40) acrescentam ainda<br />

que passaram a ter o direito <strong>de</strong> usar coroas e <strong>de</strong> se vestir<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

púrpura e ouro; e, <strong>de</strong> tal forma começaram a ser caprichosos,<br />

que D’Arnott (1989: 84) chega mesmo a consi<strong>de</strong>rá‑los verda‑<br />

<strong>de</strong>iras prime donne.<br />

No entanto, também por esta altura, a reputação dos atores<br />

começou a <strong>de</strong>gradar‑se, sendo que até os censores políticos<br />

começaram a colocar <strong>em</strong> causa a lealda<strong>de</strong> dos mesmos. Platão,<br />

D<strong>em</strong>óstenes e Aristóteles não tiveram pejo <strong>em</strong> d<strong>em</strong>onstrar a<br />

sua antipatia por estes el<strong>em</strong>entos, acusando‑os, entre outras<br />

coisas, <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> gente <strong>de</strong>pravada 91 .<br />

A este respeito, Duncan (2006: 91) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a persona‑<br />

g<strong>em</strong> do alazon na comédia representa a perceção que o mun‑<br />

do grego tinha dos atores, já que, por esta altura, os mesmos<br />

aspiravam alcançar uma posição elevada na socieda<strong>de</strong> grega e<br />

passaram a ser catalogados <strong>de</strong> gananciosos e arrogantes. Esta<br />

arrogância é alvo <strong>de</strong> ridicularização pela tradição, que nos dá<br />

conta <strong>de</strong> histórias 92 como a do ator Calípi<strong>de</strong>s que, julgando<br />

ser facilmente reconhecido pelo rei espartano Agesilau, foi<br />

apelidado <strong>de</strong> palhaço.<br />

Apesar <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> fruto da d<strong>em</strong>ocracia, com o passar do t<strong>em</strong>‑<br />

po, os atores passaram a ser apadrinhados pelas monarquias<br />

88 Vi<strong>de</strong> Pseudo‑Plutarco, Vida dos Dez Oradores, 841.<br />

89 Cf. Duncan (2006: 122).<br />

90 De qualquer forma, não chegariam a ser convidados para o ban‑<br />

quete <strong>de</strong> homenag<strong>em</strong> n<strong>em</strong> do corego vencedor n<strong>em</strong> do poeta. Vi<strong>de</strong> Platão,<br />

Banquete, 194a‑b.<br />

91 Vi<strong>de</strong> Aristóteles, Probl<strong>em</strong>as, 956b11‑12.<br />

92 E.g. Plutarco, Vida <strong>de</strong> Agesilau, 21.<br />

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