18.04.2013 Views

O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O <strong>TeaTrO</strong> <strong>GreGO</strong> <strong>em</strong> <strong>COnTexTO</strong> <strong>de</strong> <strong>represenTaçãO</strong><br />

nomeadamente no que diz respeito às suas profecias e à forma<br />

como estas são interpretadas pelos cidadãos comuns.<br />

Por vezes, era também o veículo <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> aconteci‑<br />

mentos <strong>de</strong>corridos nos bastidores, como acontece nas Bacantes<br />

<strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s (vv. 862 sqq.), quando, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Penteu ter sido<br />

conduzido por Diónisos ao monte Citéron, o coro relata à au‑<br />

diência como Agave o <strong>de</strong>scobriu e o confundiu com um leão.<br />

O coro <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhava também a função <strong>de</strong> representar um<br />

grupo específico e, nesse sentido, um conjunto <strong>de</strong> personagens<br />

– como por ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong> velhos, no Agamémnon e nos Persas<br />

<strong>de</strong> Ésquilo, <strong>de</strong> mulheres estrangeiras, nas Suplicantes, ou <strong>de</strong><br />

Fúrias, nas Euméni<strong>de</strong>s do mesmo tragediógrafo – sendo que,<br />

às vezes, as personagens por si representadas constituíam as<br />

figuras centrais da ação, como acontece nas Suplicantes quer<br />

<strong>de</strong> Ésquilo quer <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, ainda que, na opinião <strong>de</strong> Harsh<br />

(1944: 21), a sua ação ten<strong>de</strong>sse a ser mais passiva do que ativa, o<br />

que não impedia, na visão <strong>de</strong> Wiles (2000: 142), que o coro se<br />

envolvesse na ação, aconselhando as personagens ou sendo seu<br />

cúmplice no silêncio. De qualquer forma, a relação do coro com<br />

a ação era bastante flexível, sendo que podia variar, <strong>de</strong> acordo<br />

com as necessida<strong>de</strong>s intrínsecas à peça 35 e, por isso mesmo, já<br />

nas Euméni<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ésquilo o seu papel é extr<strong>em</strong>amente ativo.<br />

Belessort (1934: 33‑34) <strong>de</strong>fine ainda o coro como a teste‑<br />

munha, o confi<strong>de</strong>nte, o que se associa à dor, o conselheiro,<br />

o juiz, o intérprete lírico do poeta, o eco do senso popular e<br />

aquele que nos adverte para o facto <strong>de</strong> as personagens da peça<br />

não se mover<strong>em</strong> no mesmo plano que nós, mas num plano<br />

que é um legado da religião, já que o coro é um sobrevivente<br />

do culto <strong>de</strong> Diónisos.<br />

Também Horácio, na Arte Poética (vv. 193‑201), ao comen‑<br />

tar o estatuto conferido ao coro no seu t<strong>em</strong>po, d<strong>em</strong>onstra <strong>de</strong><br />

uma forma exímia aquelas que terão sido as gran<strong>de</strong>s funções<br />

e características dos coros gregos: “Que o coro <strong>de</strong>fenda a sua<br />

individualida<strong>de</strong> recitando o seu papel como um ator, e não<br />

cante, no meio dos atos, o que não se relacionar n<strong>em</strong> se adap‑<br />

tar intimamente ao argumento. Que ele seja propício aos bons<br />

e, com palavras amigas, os aconselhe, aos irados insuflando<br />

calma e aos que t<strong>em</strong><strong>em</strong> pecar, conce<strong>de</strong>ndo amor. Que louve<br />

as iguarias da mesa frugal e assim também a justiça saneadora<br />

e as leis, tal como a paz que se goza <strong>de</strong> porta aberta. Que não<br />

112<br />

35 Cf. D’Arnott (1989: 28).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!