O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O <strong>TeaTrO</strong> <strong>GreGO</strong> <strong>em</strong> <strong>COnTexTO</strong> <strong>de</strong> <strong>represenTaçãO</strong><br />
e estrangeiras, o que, neste último caso, pressuporia o uso <strong>de</strong><br />
um vestuário mais exótico.<br />
Exist<strong>em</strong>, ainda, ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> coros <strong>de</strong> marinheiros 22 , <strong>de</strong><br />
guerreiros 23 e <strong>de</strong> anciãos 24 .<br />
Relativamente às personagens individuais, o vestuário por<br />
elas usado podia também, muitas vezes, ser representativo do<br />
respetivo estado <strong>de</strong> espírito e/ ou condição. Assim, era frequente<br />
a exibição do luto através <strong>de</strong> vestes negras, como acontece, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, com Electra, nas Coéforas, ou a revelação da condição<br />
<strong>de</strong> cativa <strong>de</strong> uma personag<strong>em</strong> pelo facto <strong>de</strong> a mesma surgir<br />
vestida com trapos 25 . Também a <strong>de</strong>sgraça <strong>de</strong> Filoctetes 26 e <strong>de</strong><br />
Édipo 27 , a condição <strong>de</strong> náufrago <strong>de</strong> Menelau 28 e a loucura <strong>de</strong><br />
Orestes 29 pod<strong>em</strong> ter sido expressas e reforçadas, no enten<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong> Pickard‑Cambridge (1953: 225), pelas roupas usadas.<br />
Por tudo isto, po<strong>de</strong> concluir‑se que quer os el<strong>em</strong>entos do<br />
coro quer os atores apareciam não só vestidos <strong>de</strong> acordo com<br />
a natureza das personagens que representavam como também<br />
refletiam o estilo próprio <strong>de</strong> cada tragediógrafo.<br />
Assim, <strong>em</strong>bora seja duvidosa a atribuição que a tradição<br />
outorga a Ésquilo da invenção do vestuário trágico 30 , é pos‑<br />
sível estabelecer, através do recurso às fontes literárias, nome‑<br />
22 Ájax e Filoctetes <strong>de</strong> Sófocles. Embora não se saiba como seria o<br />
vestuário típico dos marinheiros, Brooke (1962: 102) consi<strong>de</strong>ra que o<br />
mesmo se caracterizaria por ser prático e simples e que consistiria numa<br />
túnica curta, presa por um cinto.<br />
23 Vi<strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, Reso. O vaso <strong>de</strong> Basileia (vi<strong>de</strong> supra cap. 3, n. 37)<br />
sugere um coro <strong>de</strong> guerreiros que, <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> usar<strong>em</strong> elmos, usam dia<strong>de</strong>‑<br />
mas, o que constitui uma prova <strong>de</strong> que as figuras representadas estão <strong>em</strong><br />
contexto teatral. Csapo & Slater (1994: 57) afirmam que uma das versões<br />
mais correntes é a <strong>de</strong> que o vaso retrata os Persas <strong>de</strong> Ésquilo.<br />
24 No Agamémnon <strong>de</strong> Ésquilo (vv. 75, 1651), os anciãos faz<strong>em</strong>‑se<br />
acompanhar <strong>de</strong> bastões e <strong>de</strong> espadas.<br />
25 Aristófanes, (Acarnenses, 412 sqq.); Rãs, 1063 sqq., atribui a Eurípi<strong>de</strong>s<br />
esta inovação do vestuário.<br />
26 Vi<strong>de</strong> peça homónima <strong>de</strong> Sófocles, 161 sqq.<br />
27 Vi<strong>de</strong> Sófocles, Édipo <strong>em</strong> Colono, 3‑6.<br />
28 Vi<strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, Helena, 421, 554, 1079, 1204.<br />
29 Vi<strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, Orestes, 390‑1.<br />
30 Entre outras razões, Pickard‑Cambridge (1953: 215‑216) chama a<br />
atenção para o facto <strong>de</strong> Aristóteles, na enumeração das inovações preco‑<br />
nizadas por Ésquilo, não mencionar esta. Assim, no enten<strong>de</strong>r do autor, o<br />
que terá acontecido é que, 50 anos <strong>de</strong>pois da morte <strong>de</strong> Ésquilo, ter‑se‑á<br />
acreditado que o tragediógrafo teria vestido os reis e os heróis da tragédia<br />
com o syrma, um vestuário mais distinto do que o usado até então, e que<br />
70