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O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

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Isabel Castiajo<br />

De entre estes, conta‑se, por ex<strong>em</strong>plo, o exercício <strong>de</strong> subir e<br />

<strong>de</strong>scer escadas, b<strong>em</strong> como a prática <strong>de</strong> dietas. Além disso, antes<br />

do início das performances e durante os intervalos, os atores<br />

tinham a preocupação constante <strong>de</strong> aquecer a voz. É bastante<br />

conhecida a este respeito a tradição (Pólux, 4.88) que dá conta<br />

do facto <strong>de</strong> o ator Hérmon ter falhado a sua entrada <strong>em</strong> cena,<br />

exatamente porque estava a aquecer a voz no exterior do teatro<br />

e não se apercebeu <strong>de</strong> que tinha chegado a sua vez <strong>de</strong> intervir.<br />

Infelizmente, não se sabe exatamente <strong>de</strong> que forma o ator<br />

fazia uso da sua voz, mas é certo que, para além <strong>de</strong> ter que a<br />

projetar b<strong>em</strong> e <strong>de</strong> ter a obrigação <strong>de</strong> garantir uma boa dicção,<br />

tinha também <strong>de</strong> saber cantar, algo que fazia quer a solo 29 quer<br />

<strong>em</strong> conjunto com o coro, uma vez que a prestação dos atores<br />

gregos incluía trechos s<strong>em</strong> acompanhamento musical – kataloge<br />

30 – trechos com acompanhamento musical – recitativos<br />

– parakataloge 31 – e partes cantadas – melos 32 – existentes<br />

sobretudo <strong>em</strong> momentos reflexivos e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>em</strong>oção.<br />

Conforme se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>, a música era pois um dos requisitos<br />

fundamentais do espetáculo. Aristóteles (Poética, 6.1450a8)<br />

consi<strong>de</strong>ra‑a um el<strong>em</strong>ento constitutivo da tragédia, a par do<br />

mito, do caráter, da linguag<strong>em</strong>, do pensamento e do espetá‑<br />

culo, mas <strong>de</strong> todos eles o mais agradável (Poética, 6.1450b16).<br />

Com o passar do t<strong>em</strong>po, e pelo facto <strong>de</strong> o <strong>de</strong>staque ter sido<br />

transferido para os atores, as partes cantadas passaram a estar<br />

mais associadas a estes el<strong>em</strong>entos, nomeadamente através da<br />

interpretação <strong>de</strong> árias, e menos ao coro, cujas manifestações, na<br />

Época Helenística, subsistiam apenas nos interlúdios. É também<br />

por esta altura que os músicos ve<strong>em</strong> a sua importância crescer,<br />

<strong>de</strong> tal forma que se acredita que, quando no século IV a.C. se<br />

instituíram as companhias profissionais, estas eram também<br />

constituídas por flautistas, já que a flauta era o instrumento<br />

<strong>de</strong> eleição 33 , quer da tragédia 34 quer da comédia, e, segundo<br />

29 Por ex<strong>em</strong>plo, Íon e Electra, nas peças <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s a que <strong>em</strong>pres‑<br />

tam o nome, entram <strong>em</strong> cena, cantando uma monódia, à s<strong>em</strong>elhança da<br />

entrada do coro nos párodos.<br />

30 Hesíquio, s.v. kataloge.<br />

31 Aristóteles, Probl<strong>em</strong>as, 19.918a10‑13.<br />

32 Aristóteles, Poética, 1.1447b25.<br />

33 Cf. Plutarco, Sobre o E <strong>de</strong> Delfos, 394c; Escólio a Aristófanes,<br />

Nuvens, 313.<br />

34 Vi<strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, Bacantes, 117.<br />

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