O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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O <strong>TeaTrO</strong> <strong>GreGO</strong> <strong>em</strong> <strong>COnTexTO</strong> <strong>de</strong> <strong>represenTaçãO</strong><br />
1.3 – antestérias<br />
As Antestérias, cujo nome, segundo Filóstrato (Heróico, 12.2),<br />
se <strong>de</strong>via ao facto <strong>de</strong> os rapazes e as raparigas que atingiam a<br />
adolescência usar<strong>em</strong> coroas <strong>de</strong> flores, são consi<strong>de</strong>radas o festival<br />
<strong>de</strong> Diónisos mais antigo <strong>de</strong> Atenas, porquanto é provável que a<br />
festivida<strong>de</strong> date <strong>de</strong> um período anterior à migração das tribos<br />
iónicas da Grécia para a Ásia Menor. Desenrolava‑se entre os<br />
dias 11 e 13 do mês <strong>de</strong> Antestérion, sendo que cada um dos três<br />
dias era ocupado com um evento específico, <strong>em</strong>bora todos eles<br />
foss<strong>em</strong> precedidos <strong>de</strong> uma cerimónia religiosa na tar<strong>de</strong> do dia<br />
anterior. O primeiro dia era conhecido como Pithoigia, o segundo<br />
era <strong>de</strong>signado por Choes e o terceiro e último por Chytroi.<br />
No primeiro dia do festival, Pithoigia, ou seja, na festa da<br />
abertura dos tonéis, as pessoas <strong>de</strong>slocavam‑se para junto do<br />
T<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> Diónisos en Limnais, abriam os pithoi – as vasi‑<br />
lhas que continham o vinho da colheita do último outono – e<br />
bebiam‑no <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> prestar<strong>em</strong> as <strong>de</strong>vidas libações a Diónisos.<br />
O segundo dia, Choes, o festival dos ‘vasos <strong>de</strong> libações’,<br />
celebrava‑se bebendo por toda a cida<strong>de</strong> através <strong>de</strong> recipien‑<br />
tes com uma forma muito peculiar, apropriada à cerimónia.<br />
Desenrolava‑se também um concurso <strong>de</strong> bebida, anunciado pelo<br />
som <strong>de</strong> um trompete, e solen<strong>em</strong>ente conduzido pelo arconte até<br />
ao Thesmotheteion, on<strong>de</strong> todos bebiam <strong>em</strong> silêncio 20 . O prémio<br />
atribuído ao vencedor era um odre <strong>de</strong> vinho.<br />
Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>corriam outros concursos <strong>de</strong> bebidas<br />
não oficiais e, no final do dia, os participantes colocavam as<br />
coroas ganhas à volta dos choes, que neste caso eram o prémio<br />
que distinguia o vencedor, levavam‑nas à sacerdotisa do t<strong>em</strong>plo<br />
en Limnais e faziam libações com o resto do vinho. Como já foi<br />
referido anteriormente, este era o único dia <strong>em</strong> que o t<strong>em</strong>plo<br />
tinha as portas abertas e era frequentado pelos participantes<br />
no festival até à noite.<br />
O terceiro dia do festival, Chytroi, a festa das marmitas,<br />
iniciava‑se na noite dos Choes, altura <strong>em</strong> que <strong>de</strong>corriam no<br />
t<strong>em</strong>plo as cerimónias secretas, conduzidas pelas catorze gerairai<br />
(‘veneráveis’ sacerdotisas <strong>de</strong> Diónisos) e preparatórias<br />
do casamento sagrado da Basilinna, a mulher do arconte‑rei<br />
ou Basileus, com Diónisos 21 . Com esta união, que ocorria na<br />
20 Segundo a tradição, este ritual estará relacionado com a chegada <strong>de</strong><br />
Orestes a Atenas, antes <strong>de</strong> ter sido purificado.<br />
21 Cf. Pseudo‑D<strong>em</strong>óstenes, Contra Neera, 73‑78.<br />
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