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O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

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O <strong>TeaTrO</strong> <strong>GreGO</strong> <strong>em</strong> <strong>COnTexTO</strong> <strong>de</strong> <strong>represenTaçãO</strong><br />

<strong>de</strong> qualquer referência étnica, pelo que se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> que a<br />

arte dramática era um dos poucos domínios on<strong>de</strong> tinha peso<br />

apenas a personalida<strong>de</strong> e o talento dos artistas. Por essa mesma<br />

razão, apesar <strong>de</strong> a maior parte ser ateniense, havia, no entanto,<br />

atores <strong>de</strong> outras origens 76 , sobretudo na Época Helenística,<br />

<strong>em</strong>bora, por ex<strong>em</strong>plo, fosse natural que a associação <strong>de</strong> Atenas<br />

se compusesse maioritariamente <strong>de</strong> cidadãos atenienses. De<br />

qualquer forma, aos olhos dos espectadores, os cidadãos saíam<br />

beneficiados 77 .<br />

Um outro fator importante que podia favorecer um <strong>de</strong>termi‑<br />

nado ator <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outro e, por isso, pesar na <strong>de</strong>cisão<br />

do júri, era a ord<strong>em</strong> pela qual os mesmos entravam <strong>em</strong> cena, já<br />

que os Gregos acreditavam que os primeiros beneficiavam <strong>de</strong><br />

uma maior simpatia por parte dos espectadores. Esta crença era<br />

<strong>de</strong> tal forma sentida, que Aristóteles (Política, 7.1336b) conta<br />

a história <strong>de</strong> um certo Teodoro que, <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> optar pelos<br />

papéis principais, preferia o que correspon<strong>de</strong>sse à primeira<br />

personag<strong>em</strong> a entrar <strong>em</strong> cena, ainda que o papel fosse menor.<br />

D’Arnott consi<strong>de</strong>ra que, <strong>em</strong>bora este facto pareça estranho (já<br />

que é sabido que Teodoro chegou a <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar papéis cuja<br />

intervenção não era a inicial), a situação po<strong>de</strong>r‑se‑á ter verifi‑<br />

cado, se os textos tivess<strong>em</strong> sido alterados <strong>de</strong> forma a satisfazer<br />

este capricho do ator. Assim, e <strong>em</strong>bora fosse imprevisível qual<br />

seria a primeira peça a ser representada, já que era algo ditado<br />

pela sorte, no caso dos atores e ainda que esta situação lhes<br />

fosse também extensível, o facto é que, <strong>de</strong>ntro da mesma peça,<br />

o encenador tinha liberda<strong>de</strong> para <strong>de</strong>cidir qual o primeiro ator<br />

a entrar <strong>em</strong> cena e, <strong>de</strong>sta forma, favorecer a sua atuação.<br />

O protagonista que alcançasse o primeiro lugar 78 via o seu<br />

nome inscrito na lista oficial dos vencedores, a mesma on<strong>de</strong><br />

constavam os poetas e os coregos vitoriosos, tinha lugar as‑<br />

segurado nas Dionísias do ano seguinte e, <strong>de</strong> alguma forma,<br />

garantia o seu futuro a curto prazo, já que no século V a.C. as<br />

solicitações para este tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> não eram muitas, pelo<br />

76 Assim o <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Ghiron‑Bistagne (1976: 174), que advoga que a<br />

expressão usada para <strong>de</strong>finir os m<strong>em</strong>bros da associação – hoi technitai hoi<br />

en Athenais (“os artistas resi<strong>de</strong>ntes <strong>em</strong> Atenas”) não excluía os metecos.<br />

Já Sifakis (1967: 143) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que essa mesma associação era composta<br />

exclusivamente por cidadãos atenienses.<br />

77 Vi<strong>de</strong> Aristófanes, Aves, 30‑36.<br />

78 O protagonista que alcançava o primeiro lugar não tinha <strong>de</strong> ser<br />

forçosamente o protagonista da peça vencedora.<br />

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