O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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Isabel Castiajo<br />
Na Ática, o período que compreendia toda a estação do<br />
inverno e o início da primavera era preenchido por Festivais<br />
Dionisíacos.<br />
Em <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro, no chamado mês <strong>de</strong> Poséidon, ocorriam<br />
as Dionísias Rurais; <strong>em</strong> meados do mês seguinte, durante o<br />
Gamélion, <strong>de</strong>senrolavam‑se as Leneias; <strong>em</strong> fevereiro, entre os<br />
dias 11 e 13 do mês Antestérion, celebravam‑se as Antestérias<br />
e, precisamente um mês <strong>de</strong>pois, quando estavam já reunidas<br />
as condições propícias à navegação, tinham lugar as Gran<strong>de</strong>s<br />
Dionísias. Nos finais do período clássico, <strong>em</strong> todos estes fes‑<br />
tivais <strong>de</strong>corriam concursos dramáticos.<br />
1.1 – DionÍsias rurais<br />
As festivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>signadas por ta kat’ agrous Dionysia eram<br />
um dos gran<strong>de</strong>s acontecimentos do ano nos d<strong>em</strong>os da Ática 1 .<br />
Eram celebradas <strong>em</strong> vários locais 2 e apresentavam graus dife‑<br />
renciados <strong>de</strong> elaboração.<br />
Ao que tudo indica, estes festivais terão começado por ser<br />
um cortejo fálico <strong>em</strong> direção a um centro <strong>de</strong> culto, a que se<br />
seguiria um sacrifício. 3 As fontes antigas atestam o uso do falo e<br />
o entoar <strong>de</strong> cânticos obscenos no cortejo das Dionísias Rurais. 4<br />
Segundo Csapo & Slater (2001: 104) e na sequência da<br />
comparação <strong>de</strong> material vário, é possível verificar‑se uma<br />
relação estreita entre cortejos fálicos, libertinag<strong>em</strong> ritual, obs‑<br />
cenida<strong>de</strong> e o uso <strong>de</strong> máscaras no culto grego, particularmente<br />
no dionisíaco. De qualquer forma e ainda no enten<strong>de</strong>r dos<br />
1 Na opinião <strong>de</strong> Rehm (1992: 15‑6), a maior parte dos test<strong>em</strong>unhos<br />
que atestam as Dionísias Rurais são do século IV a.C., facto que suporta<br />
a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que, inicialmente, a tragédia teria sido importada das zonas<br />
rurais para a urbana e que, <strong>de</strong>pois do seu florescimento nesta última,<br />
teria regressado às zonas rurais num estado <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
2 Segundo Csapo & Slater (2001: 121), apenas <strong>em</strong> relação a treze <strong>de</strong>‑<br />
mos, <strong>de</strong> que são ex<strong>em</strong>plo o Pireu, Acarnas, Elêusis, Salamina e Cólito, há<br />
alguma certeza quanto à existência <strong>de</strong> performances teatrais.<br />
3 Pickard‑Cambridge (1953: 40), refere que não se sabe quando terá<br />
começado a ligação do festival com Diónisos, mas que o rito era provavel‑<br />
mente mais primitivo do que o culto do <strong>de</strong>us na Ática e talvez não tivesse<br />
diretamente nada a ver com o vinho, ainda que não haja dúvidas <strong>de</strong> que<br />
este era largamente ingerido durante o festival. De qualquer forma, não se<br />
sabe <strong>em</strong> que altura é que as performances dramáticas começaram a estar<br />
associadas ao evento.<br />
4 Plutarco, Sobre a ânsia <strong>de</strong> riquezas, 527d; Aristófanes, Acarnenses,<br />
241‑279; Ateneu, Deipnosofistas, 14.621d–622d.<br />
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