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O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

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O <strong>TeaTrO</strong> <strong>GreGO</strong> <strong>em</strong> <strong>COnTexTO</strong> <strong>de</strong> <strong>represenTaçãO</strong><br />

<strong>de</strong> Helena, uma espartana, como também estavam agora na<br />

condição <strong>de</strong> cativas dos vitoriosos gregos.<br />

Por outro lado e quanto às personagens gregas presentes<br />

na tragédia, o mesmo estudioso (2001: 136) acredita que é<br />

possível que Eurípi<strong>de</strong>s as tenha colocado <strong>em</strong> cena com um<br />

tipo <strong>de</strong> vestuário que refletisse o interesse cont<strong>em</strong>porâneo dos<br />

atenienses pelo estilo persa. Sobre a forma <strong>de</strong> vestir dos Persas,<br />

exist<strong>em</strong> fontes literárias e iconográficas que nos permit<strong>em</strong> ter<br />

uma visão aproximada da realida<strong>de</strong>. Nos Persas <strong>de</strong> Ésquilo, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, parece provável que a rainha 14 e o fantasma <strong>de</strong> Dario<br />

usass<strong>em</strong> um vestuário exuberante, como forma <strong>de</strong> transmitir<br />

a hybris cometida. Nesse sentido Hall (1989: 70) acredita que<br />

esta forma <strong>de</strong> vestir funcionasse como uma metáfora da saú<strong>de</strong><br />

do império que há <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>struído, tal como as roupas <strong>de</strong><br />

Xerxes rasgadas e conspurcadas. Da mesma opinião partilha<br />

Pickard‑Cambridge (1953: 224), que acredita que o coro dos<br />

Persas <strong>de</strong>ve ter sido caracterizado à maneira dos antigos nobres<br />

persas, ou seja, <strong>de</strong> uma forma luxuosa e a usar<strong>em</strong> calças 15 , peça<br />

<strong>de</strong> vestuário, aliás, regularmente associada a este povo e aos<br />

orientais <strong>em</strong> geral na arte grega.<br />

Outros ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> figurinos usados pelo coro pod<strong>em</strong> ser<br />

facilmente encontrados, porquanto este estava s<strong>em</strong>pre vestido<br />

<strong>de</strong> acordo com a sua nacionalida<strong>de</strong> e com o seu estatuto 16 .<br />

Assim, as Fenícias <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s terão sido caracterizadas com um<br />

vestuário oriental (ou à maneira asiática ou à maneira egípcia),<br />

e as Suplicantes <strong>de</strong> Ésquilo segundo um estilo bárbaro, com<br />

roupagens seguras por um cinto, cujo tecido seria riquíssimo<br />

e majestoso 17 . Já nas Suplicantes <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, o tragediógrafo<br />

14 O coro (vv. 150‑8) compara a sua aparência à luz que erradia dos<br />

olhos dos <strong>de</strong>uses..<br />

15 No krater <strong>de</strong> Andrómeda oriundo <strong>de</strong> Cápua, geralmente datado do<br />

final do século V a.C., é possível vislumbrar um etíope a usar calças (vi<strong>de</strong><br />

supra cap. 4, n. 2).<br />

16 Uma das particularida<strong>de</strong>s da forma <strong>de</strong> caracterizar os el<strong>em</strong>entos<br />

do coro, nas peças do século V a.C., era a existência <strong>de</strong> uma certa uni‑<br />

formida<strong>de</strong> nos figurinos, com vista a acentuar a sua dimensão coletiva,<br />

diluindo assim os el<strong>em</strong>entos que apontavam no sentido da individualida<strong>de</strong>.<br />

17 Segundo Bellessort (1934: 40), quando, nas Suplicantes 234‑6, o<br />

coro das Danai<strong>de</strong>s chegou do Egito, vários espectadores ter‑se‑ão sentido<br />

tentados a gritar como o rei dos Argivos: “De on<strong>de</strong> chega esta multidão,<br />

<strong>de</strong> aspeto tão pouco grego, faustosamente equipada com vestes e bárbaras<br />

cintas no cabelo, a qu<strong>em</strong> dirijo a palavra?”. Tradução <strong>de</strong> Carlos A. Martins<br />

<strong>de</strong> Jesus (no prelo).<br />

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