O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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O <strong>TeaTrO</strong> <strong>GreGO</strong> <strong>em</strong> <strong>COnTexTO</strong> <strong>de</strong> <strong>represenTaçãO</strong><br />
espectadores. Os coreutas que la<strong>de</strong>avam o corifeu, no centro<br />
da primeira fila, <strong>de</strong>signavam‑se por parastatai, e vinham logo<br />
a seguir a este <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> importância. Num conjunto <strong>de</strong><br />
outras tragédias que não se iniciavam com anapestos, como a<br />
Antígona, o Rei Édipo, as Traquínias, o Filoctetes <strong>de</strong> Sófocles, o<br />
Hipólito, a Andrómaca, o Héracles, o Íon, a Electra e a Ifigénia<br />
<strong>em</strong> Áuli<strong>de</strong> <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, Pickard‑Cambridge (1953: 248‑249)<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o coro <strong>de</strong>ve ter entrado <strong>em</strong> cena a entoar o párodo,<br />
como parece mais provável, ou numa marcha silenciosa, <strong>em</strong><br />
formação kata zyga, ao som do tocador <strong>de</strong> flauta 56 , até encarar<br />
a audiência, altura <strong>em</strong> que começaria a cantar.<br />
De qualquer forma, não era forçoso que a entrada do coro<br />
ocorresse nesta formação kata zyga, sendo que podia ocorrer<br />
também <strong>em</strong> formação kata stoichous, ou então numa única<br />
fila, inclusivamente <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sorganizada 57 , ou ainda numa<br />
varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras formas. Assim, <strong>em</strong>bora houvesse realmente<br />
entradas <strong>em</strong> procissões formais, como no início das Coéforas<br />
<strong>de</strong> Ésquilo 58 , quando as cativas se preparam para prestar<br />
libações sobre o túmulo <strong>de</strong> Agamémnon, outras há, como as<br />
Euméni<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ésquilo, on<strong>de</strong> se vislumbra, tendo <strong>em</strong> conta a<br />
tradição, que o aparecimento do coro terá ocorrido <strong>de</strong> forma<br />
<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada, s<strong>em</strong> qualquer caráter militar, já que, segundo a<br />
tradição, os el<strong>em</strong>entos ter‑se‑ão <strong>de</strong>slocado <strong>em</strong> grupos <strong>de</strong> dois e<br />
três, ao mesmo t<strong>em</strong>po que se faria ouvir um rugido hediondo,<br />
fora <strong>de</strong> cena 59 .<br />
D’Arnott (1989: 24) sugere ainda que o coro do Prometeu<br />
Agrilhoado <strong>de</strong> Ésquilo terá feito a sua entrada <strong>em</strong> cena num<br />
nível superior ao da skene, provavelmente executando uma dança<br />
ilustrativa <strong>de</strong> um voo, já que este coro aparece caracterizado<br />
como constituído por Oceâni<strong>de</strong>s, ninfas aquáticas, aladas, filhas<br />
do <strong>de</strong>us do mar, Oceano, e só <strong>de</strong>pois terá tomado a posição<br />
acostumada na orquestra. Há ainda ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> peças <strong>em</strong> que<br />
se pressupõe a presença do coro logo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, s<strong>em</strong> que<br />
a sua entrada <strong>em</strong> cena fosse grand<strong>em</strong>ente notada, como nas<br />
56 O acompanhamento da flauta quer nas entradas quer nas saídas<br />
<strong>de</strong> cena do coro era recorrente, pelo menos nas tragédias. Vi<strong>de</strong> escólio a<br />
Aristófanes, Vespas, 582.<br />
57 Pickard‑Cambridge (1953: 246) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que era o que, geralmente,<br />
acontecia na comédia.<br />
58 Segundo Pickard‑Cambridge (1953: 249), esta entrada ter‑se‑á<br />
<strong>de</strong>senrolado <strong>de</strong> forma silenciosa.<br />
59 Vi<strong>de</strong> Rehm (1992: 53).<br />
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