O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...
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Isabel Castiajo<br />
a assumir esta atitu<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação às Fúrias, no início das<br />
Euméni<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ésquilo.<br />
Quanto à alegria, geralmente era expressa através <strong>de</strong> largos<br />
passos <strong>de</strong> dança ou saltos, como acontece com o coro na Electra<br />
<strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s (vv. 859‑61), quando proclama que vai d<strong>em</strong>onstrar<br />
a sua alegria, dando saltos até ao céu. Os movimentos frené‑<br />
ticos serviam também para d<strong>em</strong>onstrar pânico, doença 57 ou<br />
loucura 58 . Outros gestos convencionais eram ainda usados,<br />
como apertar as mãos <strong>em</strong> sinal <strong>de</strong> juramento 59 , abraçar ou<br />
acariciar, para d<strong>em</strong>onstrar afeto ou amiza<strong>de</strong> 60 , ou recuar para<br />
expressar o <strong>de</strong>sgosto ou repulsa 61 .<br />
A comédia pautava‑se por uma maior liberda<strong>de</strong> nas marca‑<br />
ções cénicas, nos movimentos e nos gestos, e por uma maior<br />
verosimilhança com a realida<strong>de</strong>, <strong>em</strong>bora houvesse também<br />
alguns gestos típicos – como o gesto chamado <strong>de</strong> “ganso”,<br />
executado através das mãos e que simulava o bico <strong>de</strong> um ganso,<br />
usado para indicar que estavam a ser proferidas palavras s<strong>em</strong><br />
sentido. Era também comum assistir‑se, nas comédias, a gestos<br />
praticados na tragédia, mas sob a forma <strong>de</strong> paródia.<br />
Com a evolução dos t<strong>em</strong>pos e com a importância cada vez<br />
mais acentuada dos atores, tal como aconteceu com a voz,<br />
também os gestos passaram a ser executados <strong>de</strong> forma mais<br />
exagerada e inflacionada, acentuando‑se o caráter realista dos<br />
mesmos, situação que, segundo Aristóteles (Poética, 26.1461b<br />
29 sqq.), terá levado Minisco 62 a apelidar o jov<strong>em</strong> seu con‑<br />
t<strong>em</strong>porâneo, Calípi<strong>de</strong>s 63 , <strong>de</strong> macaco, por consi<strong>de</strong>rar o seu<br />
estilo exageradamente mimético e s<strong>em</strong>elhante a este animal.<br />
O Estagirita (Poética, 26.1461b33‑4; 26.1462a1‑11) estabelece<br />
assim a comparação entre os atores antigos e os do seu t<strong>em</strong>po,<br />
57 Nas Traquínias <strong>de</strong> Sófocles, Héracles é envenenado e sofre, por isso,<br />
uma terrível agonia a ponto <strong>de</strong> não conseguir controlar os m<strong>em</strong>bros, o<br />
que faz com que o velho e Hilo tenham <strong>de</strong> se <strong>de</strong>bater para conseguir<strong>em</strong><br />
segurá‑lo no chão.<br />
58 Vi<strong>de</strong> Orestes, no início das Euméni<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ésquilo.<br />
59 Vi<strong>de</strong> Sófocles, Traquínias, 1181 sqq.<br />
60 Vi<strong>de</strong> Sófocles, Édipo <strong>em</strong> Colono, quando o herói abraça a filha (vv.<br />
1104‑5) e t<strong>em</strong> o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> beijar as mãos e a face <strong>de</strong> Teseu (vv. 1130‑1).<br />
61 Vi<strong>de</strong> Cassandra, no Agamémnon, 1306, <strong>de</strong> Ésquilo.<br />
62 Este ator representou para Ésquilo e ganhou o prémio <strong>de</strong> melhor<br />
ator, <strong>em</strong> 420 a.C., já ao serviço <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s.<br />
63 Vencedor das Leneias <strong>em</strong> 418 a.C.<br />
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