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O TeaTrO GreGO em COnTexTO de represenTaçãO - Universidade ...

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O <strong>TeaTrO</strong> <strong>GreGO</strong> <strong>em</strong> <strong>COnTexTO</strong> <strong>de</strong> <strong>represenTaçãO</strong><br />

ele criados e <strong>de</strong>nominados por Pólux (4.126 sqq., 131) <strong>de</strong> katabl<strong>em</strong>ata<br />

consistiam <strong>em</strong> telas, fixadas na skene, e pintadas <strong>de</strong><br />

forma muito simples, pelo que não <strong>de</strong>veriam exibir mais do<br />

que o início da perspetiva e da ilusão cénica que se preten<strong>de</strong><br />

atingir com a conceção <strong>de</strong> um cenário. No entanto, convém<br />

não esquecer que o teatro grego era o teatro da palavra por<br />

excelência e, por isso, na opinião <strong>de</strong> D’Arnott (1989: 136), o<br />

cenário funcionava, tal como as máscaras dos atores, como<br />

uma tela <strong>em</strong> branco on<strong>de</strong> o poeta <strong>de</strong>senhava o que pretendia<br />

que os espectadores visualizass<strong>em</strong>, através <strong>de</strong> uma linguag<strong>em</strong><br />

evocativa.<br />

Vitrúvio (5.6.9) dá‑nos conta da distinção entre cenários<br />

trágicos, cómicos e satíricos, e fala‑nos da scaena ductilis 21 , que<br />

consistia numa larga tela pintada e fixada à skene. Várias scaenae<br />

ductiles podiam ser colocadas, umas <strong>em</strong> cima das outras, na<br />

skene, <strong>de</strong> tal forma que a mudança <strong>de</strong> cenário requerida por uma<br />

outra peça era facilmente executada, porquanto, ao retirar‑se a<br />

primeira scaena ductilis, <strong>de</strong> imediato se vislumbraria a outra 22 .<br />

Os katabl<strong>em</strong>ata podiam também ser fixados nos flancos da<br />

skene e, neste caso, <strong>de</strong>nominavam‑se <strong>de</strong> periaktoi 23 . Segundo<br />

Vitrúvio (5.6.8) e Pólux (4.126 sq., 130 sq.), eram <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

e tinham a forma <strong>de</strong> prisma, sendo que cada um dos lados<br />

Embora <strong>de</strong>fendam também esta posição, Csapo & Slater (1994: 79) acre‑<br />

ditam, no entanto, que a gran<strong>de</strong> r<strong>em</strong>o<strong>de</strong>lação do teatro só terá ocorrido,<br />

provavelmente, na segunda meta<strong>de</strong> do século V a.C.<br />

21 Bieber (1961: 74) coloca a hipótese <strong>de</strong> no período clássico a scaena<br />

ductilis ter a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> proscénio, uma vez que Antífanes (apud Ateneu,<br />

Caipnosofistas, 13.587b) compara Nânion a um proscénio porque ela tinha<br />

uma cara fabulosa, roupas caras e ouro, mas, quando nua, era invulgar‑<br />

mente feia, ou seja, também o proscénio ou scaena ductilis, ao ser retirado,<br />

<strong>de</strong>ixaria à vista o esqueleto <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira – a skene t<strong>em</strong>porária. Esta situação<br />

explicaria a existência do proscénio no século V a.C. não enquanto palco,<br />

mas enquanto a<strong>de</strong>reço imprescindível do cenário.<br />

22 Segundo Bieber (1961: 74‑75), um dos test<strong>em</strong>unhos que evi<strong>de</strong>ncia<br />

o uso <strong>de</strong>sta prática no séc. IV a.C. é o teatro <strong>de</strong> Megalópolis.<br />

23 Embora não haja vestígios da utilização <strong>de</strong> periaktoi no período<br />

anterior à Época Helenística, Bieber (1961: 75) consi<strong>de</strong>ra que este parece<br />

ser um procedimento tão simples e apropriado a um teatro ao ar livre que<br />

não há qualquer razão para não aceitar como provável a sua ocorrência<br />

no teatro clássico. Pickard‑Cambridge (1946: 126‑7) coloca, no entanto,<br />

muitas dúvidas sobre a sua utilização no período clássico.<br />

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