Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

com o autor? É a partir de tais questionamentos que se faz necessário delinearmos como
foi desenvolvida nossa pesquisa, em cada capítulo.
Primeiramente, nossa investigação em Pedro e Paula (1998) tem a pretensão de
se agregar aos estudos que concernem à linha pós-estruturalista, no que se refere ao
dialogismo, à intertextualidade, à dominação masculina e à autoria masculina, uma vez
que tais caminhos é que nos levam a inquirir sobre a construção da personagem Paula.
No primeiro capítulo desenvolvemos um estudo sobre o dialogismo e a
intertextualidade, sob a perspectiva de Mikhail Bakhtin. De acordo com o teórico, o
romance apresenta vozes que representam as diferentes ideologias sociais, ou seja, o
dialogismo é uma pluralidade de vozes que ecoam como uma orquestra, por meio das
personagens do enredo, assim também como o autor e o leitor fazem parte do diálogo
entre o sujeito e a obra, desde sua criação e sua recepção, respectivamente. Procuramos,
então, ressaltar as vozes em Pedro e Paula (1998), e como elas se fazem imbuir de um
discurso social, assim como os intertextos e as simbologias presentes no romance.
No segundo capítulo, como forma de atrelarmos a perspectiva social, sobretudo
as multifaces de vozes que o dialogismo evidencia, utilizamos, também, a abordagem
social de Pierre Bourdieu, com a finalidade de entrelaçarmos a análise das personagens,
no que se refere aos jogos de relação de poder e dominação entre o masculino e
feminino, tão bem traçados na obra em questão. Nessa perspectiva é que descobrimos
como o narrador caracteriza suas personagens, e como apresenta sua preferência por
Paula. Verificamos, ao final desse capítulo, que o jogo de vozes entre essa personagem
feminina e o narrador é ocasionado pelo autor, de forma sedutora, da mesma forma que
o narrador sugere incertezas e probabilidades, o que confere, na análise que segue,
expectativas masculinas na voz de Paula.
Para tanto, no tocante ao terceiro capítulo, adentramos os estudos de Julia
Kristeva, Hélène Cixous e Elódia Xavier, nos quais verificamos como a autoria
masculina pode, perfeitamente, realizar a representação do feminino, da mesma forma
que a autoria feminina. Dessa maneira, calcando-nos nos estudos oferecidos pelas
autoras, concluímos ser a construção de Paula realizada segundo a ambigüidade do
narrador, mergulhada num discurso altamente sedutor, que nos faz desnudar a singular
escrita macediana.
Os caminhos utilizados, citados acima, seguiram, a todo instante, lado a lado na
fronteira entre o real e a ficção, o que confere um dos traços peculiares de Helder
Macedo.
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