Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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Sendo assim, as <strong>de</strong>terminadas vozes contidas no texto expressam um diálogo<br />
com outros textos. São conceitos e i<strong>de</strong>ologias <strong>de</strong> diversos autores, que correspon<strong>de</strong>m a<br />
diversas épocas e diversos aspectos, que se relacionam entre si e ganham uma rica<br />
<strong>de</strong>finição, que acaba seduzindo o interlocutor, <strong>de</strong> tal forma que transforma o texto, a<br />
narrativa, o romance <strong>em</strong> algo perpetuado através dos t<strong>em</strong>pos.<br />
Assim culmina o diálogo entre o real e a ficção <strong>em</strong> Pedro e Paula (1998).<br />
Aspectos contidos no romance nos direcionam a perceber algumas partes. Conforme<br />
Silva (1999), Pedro e Paula (1998) rompe com as fronteiras do real e imaginário ao<br />
ex<strong>em</strong>plificar os conceitos <strong>de</strong> intertextualida<strong>de</strong> e intratextualida<strong>de</strong> ao longo do romance.<br />
Silva (1999) menciona as epígrafes do romance, <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Bernardim Ribeiro,<br />
Camões, Garret, Eça <strong>de</strong> Queirós, Cesário Ver<strong>de</strong> e Machado <strong>de</strong> Assis, respectivamente,<br />
como um direcionamento do romance a <strong>de</strong>terminados autores. A viag<strong>em</strong> é um dos<br />
t<strong>em</strong>as abordados por Silva, no romance, que direciona ao t<strong>em</strong>a dos textos dos autores<br />
citados. É que todos produziram obras <strong>em</strong> que o mesmo t<strong>em</strong>a, <strong>de</strong> formas diferentes, foi<br />
retratado.<br />
A intratextualida<strong>de</strong> é retratada por Silva (1999) quando verifica um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />
referência interna ao texto, especificada pelo narrador, que insere trechos que dialogam<br />
no <strong>de</strong>correr do romance. A autora menciona os trechos que oportunizam tal diálogo,<br />
como o <strong>de</strong> Casablanca e o Teatro <strong>de</strong> Revista,<br />
Mo<strong>de</strong>lo: Ah, n<strong>em</strong> me fale <strong>em</strong> água que eu penso logo <strong>em</strong> Veneza!<br />
Compère: Veneza!... Ó Menina Flausina, parece que já v<strong>em</strong> ali a<br />
gôndola. Música, maestro!<br />
Coro: Veneza, Veneza!<br />
Foi por isso que a Ilsa, apoquentada <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>s as time góes by,<br />
teria caído com febres <strong>de</strong> África. Mas s<strong>em</strong>pre se podia chamar o falso<br />
médico do filme on<strong>de</strong> o Vasco Santana, o que estava para o António<br />
Silva como o Bucha estaria para o Estica se também foss<strong>em</strong><br />
portugueses, não sabia <strong>de</strong> marchas populares e podia cantar-lhe um<br />
fado terapêutico, que era o melhor que se podia arranjar num país<br />
on<strong>de</strong> já dizia que a ocupação nacional é estar doente [...], p. 17.<br />
A propósito, Ilsa e Victor Laszlo, personagens <strong>de</strong> Casablanca, são bastante<br />
citados no romance, logo nessa primeira parte, <strong>de</strong> forma a organizar melhor a relação<br />
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