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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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no romance, <strong>de</strong> diversas formas: o plurilingüismo, o discurso <strong>de</strong> outr<strong>em</strong>, a<br />

intertextualida<strong>de</strong>.<br />

Segundo Bakhtin (1998), o romance é uma diversida<strong>de</strong> social <strong>de</strong> linguagens<br />

organizadas artisticamente, às vezes <strong>de</strong> línguas e <strong>de</strong> vozes individuais. E é graças ao<br />

plurilingüismo social e ao crescimento <strong>em</strong> seu solo <strong>de</strong> vozes diferentes que o romance<br />

orquestra todos os seus t<strong>em</strong>as, todo seu mundo objetal, s<strong>em</strong>ântico, figurativo e<br />

expressivo.<br />

Ao consi<strong>de</strong>rarmos que todo discurso encerra uma transmissão <strong>de</strong> contextos,<br />

sab<strong>em</strong>os, obviamente, que tal transmissão é <strong>de</strong>stinada para um interlocutor,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da forma escrita, <strong>em</strong> específico; é importante salientarmos, nesta pesquisa,<br />

<strong>de</strong> que <strong>de</strong>terminado recurso refere-se a uma narrativa, a um romance.<br />

Reportando-nos à intertextualida<strong>de</strong>, a terceira característica conferida ao<br />

enunciado, a<strong>de</strong>ntrar<strong>em</strong>os num dos maiores conceitos ex<strong>em</strong>plificados por Bakhtin: o<br />

dialogismo. Conforme Barros e Fiorin (1994) mencionam, o conceito <strong>de</strong> dialogismo<br />

permeia não somente a concepção que o filósofo construiu sobre a linguag<strong>em</strong>, mas<br />

inclusive, talvez, sua concepção <strong>de</strong> mundo, <strong>de</strong> vida.<br />

O dialogismo se opõe ao monologismo - característica que o filósofo acredita ser<br />

o ópio dos t<strong>em</strong>pos mo<strong>de</strong>rnos -, isto é, no dialogismo há uma interação com o leitor. As<br />

personagens possu<strong>em</strong> voz ativa; <strong>em</strong> vista disso, o leitor é um receptor <strong>de</strong>ssas idéias.<br />

Para ele, o autor cria a obra já com a noção <strong>de</strong> que tal leitor irá apreen<strong>de</strong>r essas idéias,<br />

po<strong>de</strong>ndo ou não incorporá-las.<br />

Bakhtin (1981) afirma que o modo <strong>de</strong> existência da linguag<strong>em</strong> é o dialogismo,<br />

pois <strong>em</strong> cada texto, <strong>em</strong> cada enunciado, <strong>em</strong> cada palavra ressoam duas vozes: a do eu e<br />

a do outro, permeadas por i<strong>de</strong>ologias internas e externas.<br />

Seria, sobr<strong>em</strong>odo, uma pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vozes, pois não somente o leitor faria<br />

parte <strong>de</strong>sse diálogo, quando interage com o romance, mas também o autor quando<br />

escreve imaginando um interlocutor, e ainda as personagens, que dialogam entre si.<br />

Essas possu<strong>em</strong> vozes que não somente são ligadas às idéias e aos valores <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>terminado indivíduo, mas sim a uma instituição, ou seja, elas representam uma<br />

<strong>de</strong>terminada instituição, permeada por suas características sociais, isto é,<br />

o discurso do autor, os discursos dos narradores, os gêneros<br />

intercalados, os discursos das personagens não passam <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s<br />

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básicas <strong>de</strong> composição com a ajuda das quais o plurilingüismo se

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