Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

eleições da Assembléia Nacional, sem nenhum opositor, que apenas surgiu em 1945,
quando o MUD (Movimento de Unidade Democrática) foi organizado.
O MUD, opositor ao regime salazarista, foi criado para reorganizar a oposição e
prepará-la para as eleições, com o intuito de proporcionar a democracia, no tocante à
questão eleitoral. Segundo Pimentel (2007), com o crescimento do MUD, tendo como
participantes principais os intelectuais e profissionais liberais, ele se tornou uma ameaça
para o regime de Salazar, que o ilegalizou em 1948, tendo com pretexto suposta ligação
com o PCP (Partido Comunista Português). Este último, por ser o partido clandestino da
época, organizado e forte, era constantemente perseguido pela PIDE (Polícia
Internacional e de Defesa do Estado), renomeada em 1945, antes PVDE (Polícia de
Vigilância e Defesa do Estado), que obrigava os membros do PCP a viverem
clandestinamente, sempre sob a ameaça de serem torturados ou assassinados. A PIDE,
que agia em todo o território português, sendo também responsável pelo controle de
estrangeiros e de fronteiras, usava meios que eram baseados nas técnicas da Gestapo
(Polícia política nazista alemã). Foi responsável pelo assassinato de José Dias Coelho,
militante do PCP, assim como o assassinato do General Humberto Delgado, militar da
Força Aérea, contrário a política de Salazar.
No decorrer das guerras coloniais, a PIDE assumiu a função de constituir,
informar e enquadrar milícias próprias, em território africano, e com isso atribuíram-lhe
a responsabilidade ao atentado que assassinou Eduardo Mondlaine, presidente da
FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), assim como à manipulação dos
membros descontentes do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e
Cabo Verde), que assassinaram seu dirigente, Amílcar Cabral.
Mas havia ainda outras instituições criadas em pleno regime salazarista, em sua
defesa, além da PIDE: a Legião Portuguesa, uma organização paramilitar, fundada em
1936, com o objetivo de defender o patrimônio espiritual e combater a ameaça
comunista e o anarquismo, conforme a ideologia do Estado Novo. Houve também a
Mocidade Portuguesa, idealizada nos modelos fascistas italiano e alemão, em que se
pregava o desenvolvimento físico da juventude, a formação de caráter e a devoção à
Pàtria, calcados no sentimento de ordem, nos deveres morais, cívicos e militares, assim
como na disciplina. Em 1937 foi formada a Mocidade Feminina (MPF), cuja
organização motivava às moças o gosto pela vida doméstica e as várias formas de
submissão social impostas ao sexo feminino, conforme modelo patriarcal, orientando-as
para o desempenho da missão da mulher na família, assim como no convívio em
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