Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

quando a percebeu atordoada, levantou-lhe a saia sobre o ventre,
quebrou o elástico das calcinhas de seda, baixou-as até conseguir
desembaraçá-las dos pés, abriu a braguilha, tirou das calças o pênis
erecto, afastou-lhe as coxas com ambas as mãos, penetrou-a num
orgasmo imediato, que esfriou rapidamente, viscoso, em parte
derramado sobre a vagina contraída. Depois andou atarantado pelo
estúdio, à procura dos óculos. Que estavam caídos no chão, perto de
Paula. Apanhou-os, correu para a porta, saiu sem a fechar, p. 210
Pedro se vinga de Paula da maneira a mais cruel e violenta possível para afirmar
sua masculinidade e seu poder sobre o feminino. Ele sabia que sua debilidade física e
moral, assim como toda a sua fraqueza no amor e no trabalho eram suportadas por
Paula, porém a herança ideológica que fazia dele fruto da dominação masculina não o
tornava vencedor, como a irmã, tampouco se ombreava com ela.
A respeito da posse indevida da mulher, destacamos a afirmação de Bourdieu
(2007): A penetração é uma das afirmações da libido dominandi, que jamais está de
todo ausente na libido masculina, p. 31. Sendo assim, realçamos a brutalidade do ato
cometido pela personagem, que confere a afirmação do poder masculino para com o
feminino. Quando Pedro percebeu que nada mais podia fazer para dominar Paula,
acabou por utilizar a força física, em junção com o desequilíbrio emocional e psíquico.
Verificamos, assim, que o incesto é uma violação que põe em evidência não somente a
sexualidade em si, mas o desamor, a posse indevida e a usurpação do outro.
Sob esse prisma é que se instauram as concepções de Bourdieu (2007), no que
tange ao processo de dominação masculina, tão explícito no enredo, em relação às
personagens de Pedro e José. Ademais, as personagens masculinas que Macedo cria
neste romance não obtêm uma ascensão, no que se refere ao tema trabalhado por
Bourdieu; nem tampouco conseguem sucesso como sua personagem principal, Paula,
conforme verificaremos posteriormente, numa análise imbuída, também, de outras
perspectivas teóricas.
2.3 Vozes e dominação
O processo de dominação masculina, conforme vimos, é um reflexo de caráter
social incorporado, sob estado insconciente, pelos agentes, assim representados nas
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