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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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tona seu comportamento dominador, achando que o hom<strong>em</strong> <strong>de</strong>veria sentir prazer e a<br />

mulher <strong>de</strong>veria ce<strong>de</strong>r, pois isso seria atributo da natureza f<strong>em</strong>inina.<br />

Não é <strong>de</strong> se questionar o fato <strong>de</strong> o autor construir as personagens <strong>de</strong> modo a<br />

espelhar<strong>em</strong> o momento histórico e social <strong>em</strong> que estão imersas. Macedo trabalha o lado<br />

da realida<strong>de</strong> social <strong>de</strong> um Portugal regido pela ditadura, pela opressão, sendo inevitável<br />

mostrar o apreço pelo patriarcalismo <strong>em</strong> que José estava inserido.<br />

A dominação que José exerceu sobre Ana, personag<strong>em</strong> que <strong>de</strong>ixou seus i<strong>de</strong>ais<br />

para acompanhar o marido, <strong>de</strong>sistindo <strong>de</strong> lutar contra essa dominação e, assim,<br />

acomodando-se, está evi<strong>de</strong>nciada após o casamento. Era como se o casamento fosse<br />

uma espécie <strong>de</strong> posse <strong>de</strong>vida e, merecidamente, justificada.<br />

A respeito <strong>de</strong>ssa evidência, no <strong>de</strong>correr do romance, acreditamos que exista uma<br />

linha tênue dividindo dois campos, o da ficção e o da realida<strong>de</strong>, pois se po<strong>de</strong> admitir<br />

que ambas não sejam <strong>de</strong>limitadas na (s) história (s) <strong>de</strong> Hel<strong>de</strong>r Macedo <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong><br />

se misturar<strong>em</strong> aos episódios sociais e políticos da época. Po<strong>de</strong>-se dizer, sobre essa<br />

posição do narrador, que seu trabalho é executado com perícia. Sobre a forma com que<br />

o narrador joga com o real e o imaginário, Silva (2002), quando analisa o narrador <strong>de</strong><br />

Partes <strong>de</strong> África (1991), <strong>em</strong>prega a nomenclatura “autor”-narrador, já utilizada antes<br />

por Maria Lucia Dal Farra (1993), com o acréscimo do uso <strong>de</strong> aspas para enfatizar que<br />

não se trata do autor textual. Silva (2002) explica que, mesmo havendo esse jogo entre<br />

real e ficção, o jogo fundamental nesse romance se dá s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong>ntro do contexto<br />

mimético.<br />

As correntes literárias que surgiram no <strong>de</strong>correr dos t<strong>em</strong>pos evi<strong>de</strong>nciam esse tipo<br />

<strong>de</strong> procedimento, ou seja, a mescla entre ficção e realida<strong>de</strong>, e, se o campo da ficção<br />

instiga a muitos pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ass<strong>em</strong>elhar-se ao real, seria inevitável que na obra<br />

<strong>em</strong> estudo tal ocorresse.<br />

É sob essa perspectiva que optamos por analisar as personagens <strong>de</strong> Pedro e<br />

Paula (1998), <strong>de</strong>vido às diferenças entre o masculino e o f<strong>em</strong>inino, segundo a<br />

abordag<strong>em</strong> filosófica e social <strong>de</strong> Pierre Bourdieu, um dos autores mais lidos nos campos<br />

da sociologia e da antropologia. Parte do trabalho do filósofo, produzido entre os anos<br />

<strong>de</strong> 1954 a 2002, centralizou-se na questão da dominação, contribuindo com diversas<br />

áreas do conhecimento, como literatura, educação, arte e mídia. Seus estudos foram<br />

<strong>de</strong>senvolvidos acerca das caracteríristcas da dominação, referindo-se a alguns fatores da<br />

esfera social: o colonialismo, a aculturação, o capitalismo, a economia, a política, b<strong>em</strong><br />

como as instituições sociais e a sexualida<strong>de</strong> (relação entre os sexos). Em todas as<br />

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