Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
conforme verificamos, assim como a presença <strong>de</strong> um narrador, também personag<strong>em</strong>,<br />
que se confun<strong>de</strong> com o autor, e que leva, inclusive, o mesmo nome que o <strong>de</strong>le. Há,<br />
então, características da vida do autor incutidas na personag<strong>em</strong> narrador, <strong>em</strong>bora sejam<br />
somente ficção. Há, <strong>em</strong> todas as personagens, <strong>de</strong>masiada carga <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia, que cada<br />
uma <strong>de</strong>las traz <strong>em</strong>butida no seu papel a ser <strong>de</strong>lineado <strong>de</strong>ntro do romance.<br />
Se, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente do mecanismo utilizado (verbal ou não verbal), a<br />
i<strong>de</strong>ologia prevalece <strong>em</strong> qualquer situação, há <strong>de</strong> se verificar os variados caminhos para<br />
que essa i<strong>de</strong>ologia se engendre. No dizer <strong>de</strong> Yaguello, na apresentação <strong>de</strong> Marxismo e<br />
Filosofia da Linguag<strong>em</strong> (1981, p. 16), a enunciação é a unida<strong>de</strong> da língua, no que se<br />
refere à sua compreensão como uma réplica <strong>de</strong> diálogo social, quer dizer, trata-se <strong>de</strong><br />
discurso interior (diálogo consigo mesmo) ou exterior. Ela não existe fora <strong>de</strong> um<br />
contexto social, já que cada locutor t<strong>em</strong> um horizonte social. Há s<strong>em</strong>pre um<br />
interlocutor, ao menos potencial. O locutor pensa e se exprime para um auditório<br />
social b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finido. Dessa forma é que se afirma o caráter sócio-i<strong>de</strong>ológico para a<br />
língua.<br />
Para Brait (2005), os termos enunciado/enunciação explicam que Bakhtin<br />
atribuiu aos mecanismos verbais e não-verbais a concepção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação<br />
e significação, o que diverge da chamada estrutura mais fechada, que equivale à frase ou<br />
a uma seqüência <strong>de</strong>la, com fundamento pragmático e sintático, apenas. Assim, atribui-se<br />
ao termo enunciado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma expressão monolex<strong>em</strong>ática até um romance, um texto<br />
extr<strong>em</strong>amente extenso.<br />
Sendo assim, o caráter social está contido no enunciado, e a importância a ser<br />
<strong>de</strong>limitada <strong>em</strong> cada el<strong>em</strong>ento é <strong>de</strong>masiado fundamental. Para isso, nossa pesquisa<br />
submerge ao caráter social das tessituras <strong>de</strong> Pedro e Paula (1998), com gran<strong>de</strong> ênfase<br />
nos caminhos que nos levaram ao universo macediano, tão aprofundado nos espelhos da<br />
realida<strong>de</strong>.<br />
1.2 As vozes do discurso romanesco: o dialogismo e suas características<br />
Conforme verificamos, as características i<strong>de</strong>ológicas e sociais do enunciado -<br />
caráter que mais preten<strong>de</strong>mos salientar - são sobr<strong>em</strong>odo possíveis <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> percebidas<br />
24