11.05.2013 Views

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

com a posição <strong>de</strong> que a pluralida<strong>de</strong> é a marca <strong>de</strong>ssas vozes, como se po<strong>de</strong> verificar<br />

também nos campos social e literário.<br />

Essa mesma pluralida<strong>de</strong> é marcada <strong>em</strong> Macedo, que evi<strong>de</strong>ncia o masculino e o<br />

f<strong>em</strong>inino, na busca <strong>de</strong> seus anseios e i<strong>de</strong>ais. Paula é a escolhida por Hel<strong>de</strong>r para<br />

alcançar seus objetivos, e criada por Macedo para seduzir os leitores, apaixonadamente,<br />

como todos os personagens se posicionam frente a ela.<br />

Paula é metáfora da libertação, a representação <strong>de</strong> todas as mulheres que<br />

ousaram lutar pela liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha, numa nação submetida à ditadura e ao<br />

patriarcalismo vigente, construída pela voz do “infernal” narrador, como <strong>de</strong>nomina<br />

Figueiredo (2001), que dá voz a ela <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> todas as outras personagens: a<br />

mulher que provou do gosto da morte, pelo covar<strong>de</strong> estupro <strong>de</strong> Pedro, mas que sai<br />

triunfante, conquistando merecidamente sua liberda<strong>de</strong>, <strong>em</strong> todos os planos,<br />

“Mas julgo que o que ele [Gabriel] ficou a l<strong>em</strong>brar-me mais é que eu<br />

também lhe disse que tinha ido para apren<strong>de</strong>r com ele a minha<br />

liberda<strong>de</strong>. Linguag<strong>em</strong> dos vinte e três anos. L’imagination au<br />

pouvoir. Tinha ido a Londres <strong>de</strong> Paris, do Maio <strong>de</strong> 68. Eu sei que foi<br />

isso que ele me quis dar. Que <strong>de</strong>u, naquela <strong>de</strong>spedida, naquela última<br />

tar<strong>de</strong>. Tirar para s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim o sabor a morte que o meu<br />

irmão lá tinha metido. Dar-me <strong>de</strong> novo, olha a vida. Ser finalmente<br />

meu pai? Meu caro amigo... De modo que estás a ver, meu caro<br />

senhor escritor, andas há dias a querer perguntar-me e não consegues:<br />

a Filipa só po<strong>de</strong>ria ser filha <strong>de</strong>le”, p. 236.<br />

Assim se dá o <strong>de</strong>sfecho do constante jogo perigoso apresentado por Hel<strong>de</strong>r,<br />

cheio <strong>de</strong> artimanhas, que confere singularida<strong>de</strong> ao romance e que não po<strong>de</strong>ria terminar<br />

s<strong>em</strong> a sua duvidosa afirmação acerca da paternida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filipa: E fui eu que disse: “Pois<br />

é.”, p. 236.<br />

89

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!